ROBERTO VIEIRA
Há 90 anos, no dia primeiro de maio de 1931 em Pernambuco, o fortíssimo futebol suburbano de nossa capital brilhava. Recife recebia a 'embaixada' do Clube de Regatas Brasil de Alagoas. Uma verdadeira invasão alagoana em nossa capital. E para o primeiro jogo do CRB foi marcada peleja contra o selecionado suburbano.
Ao contrário do que podemos imaginar, o fato não significava desprezo pelos visitantes, pelo contrário. O futebol suburbano pernambucano levava multidões a campo e ameaçava até a supremacia dos clubes da divisão principal da capital.
Campo da Avenida Malaquias do Sport abarrotado. O selecionado da ASDT (Associação Suburbana dos Desportes Terrestres) alinhada com Francelino, Telefone e Bebé; Cão, Marçal e Faustino; Walfrido, Marcionilo, Quetreco, Tutu e Isaías.
Os alagoanos chegam com subvenção do 'capitalista' Fábio Araújo, era assim que os empresários eram denominados. Hernard Travassos é o técnico e escala Zebino, Perdido e Moacir; Carlos, Fonseca e Arnaldo; Cavendish, Gouveia, Xexéo, Zequito e Aldo.
Os suburbanos foram pra cima e abriram o placar com Marcionilo. No final do primeiro tempo Isaías aumenta com um... gol olímpico.
Na segunda etapa, Isaías aumenta pra 3x0, os alagoanos entram na roda, mas Aldo diminui, apenas para Quetreco balançar as redes de Zebino pela quarta vez. Pra tudo terminar em paz, Telephone comete pênalti e o CRB marca seu segundo gol.
A festa e a torcida não passam desapercebidas pelos manda chuvas do futebol local e novos donos do poder no Brasil revolucionário.
No dia 3 de maio o CRB vai enfrentar o selecionado da Federação Pernambucana de Desportos. O interventor Carlos de Lima Cavalcanti confirma sua presença no estádio.
Contra o Torre do ex-governador Estácio Coimbra a força resolveu a situação. O Madeira Rubra não irá ganhar mais nada na Nova Ordem.
Mas contra o futebol suburbano do povo a melhor tática é seduzir para destruir. O campeonato pernambucano irá agregar estas equipes singelas e apaixonadas.
E com o tempo, o futebol suburbano irá desaparecer.
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