20 de nov. de 2022




 

ROBERTO VIEIRA 


Spencer foi o Pelé do Equador. 


Nascido em Guayaquil. 


Filho de Gualter e América. 


Aos 21 anos estava na seleção. 


Aos 23 estava no Peñarol.


Campeão da Libertadores e do Mundo.


Spencer que tinha dois sonhos. 


Fazer gols.


E ver o Equador com uma grande seleção. 


Spencer que também falava com naturalidade. 


Que o Brasil sempre seria o país do futebol. 


Pois é. 


Spencer sabia das coisas...


19 de nov. de 2022






 ROBERTO VIEIRA 


Três feras e dois bons jogadores. 


Tragados pela maldição francesa. 


O primeiro foi Jonquet.


Bom jogador. 


Esteio defensivo. 


Jonquet divide a bola com Vavá. 


O estalo.


A França com 10 é trucidada pelo 10 brasileiro.


Um tal de Pelé. 


Tempos depois.


Just Fontaine diz adeus aos gramados. 


Múltiplas fraturas. 


Tantas quanto seus gols.


Em 82?


Batiston é retirado inconsciente do gramado. 


Assassinado por Schumacher. 


Vinte anos depois. 


Zidane queria o bicampeonato mundial. 


Se lesiona antes da Copa.


Mais ou menos como Benzema agora.


Porém. 


Quem deseja ser campeão mundial.


Deve sempre ter um Amarildo na reserva.


Quem sabe Giroud não dá uma de Possesso?


Ou melhor. 


Quem sabe Mbapee não vira Mané?


18 de nov. de 2022



ROBERTO VIEIRA @jornalopoder


Ele foi nosso mais singelo e querido craque. Macunaíma trajado de 7 em dribles de Chaplin, Renato Aragão e Mazaropi. Muito mais que títulos e gols, ele nos trouxe alegria, a tal ponto que muitas vezes pairou lado a lado com o insuperável Pelé. 


MANÉ 


Garrincha era um nome complicado demais para o povo brasileiro. País onde até o mítico Friedenreich se tornou Fried. Não havia dúvida na cabeça do torcedor que Garrincha merecia ser carinhosamente chamado pela abreviação do seu primeiro nome: Mané. 


JOÃO 


Não se sabe com certeza quem foi o primeiro João, termo popularizado no futebol brasileiro para designar os milhares de marcadores que foram enlouquecidos por Mané Garrincha. Teve Vairo, o João argentino. Teve Jordan, o João flamenguista. Teve João russo, sueco, chileno, inglês, alemão. Só um lateral esquerdo não foi João, o compadre Nilton Santos. Aliás, perdão. Nilton foi João uma vez, sim. No primeiro treino de Garrincha no Botafogo quando tomou uma caneta desclassificante do garoto de Pau Grande. 


PERDEU, MANÉ!


Nesta semana, uma autoridade brasileira julgou menosprezar parte imensa do povo com a frase: 'Perdeu, Mané, não me amola!'. A frase dita em território anglo saxão, além de um tanto grosseira, saiu pela culatra. Sim. Somos todos Manés nesse país tropical. Somos ingênuos, singelos e de sorriso fácil. Manés em toda beleza cristalina que Mané Garrincha demonstrava em campo. Ser chamado de Mané não é ofensa, cara autoridade, é um elogio.


E cuidado, caros burocratas que julgam tão perdedores os Manés deste país. Cuidado para não virarem João. Sempre lembrando que Mané Garrincha em campo com Pelé, nunca perdeu jogo nenhum com a seleção.


3 de nov. de 2022




ROBERTO VIEIRA 


Durante os últimos 72 anos, muito temos falado e escrito sobre o Maracanazo, a fatídica derrota do Brasil frente ao Uruguai por 2x1 naquele 16 de julho de 1950 no Maracanã. Porém, maior que a tristeza da perda do título mundial de futebol dentro de casa, outro acontecimento de 1950 deixaria marcas muito mais profundas e deletérias em nossa história, quando em vez de seguirmos rumo ao futuro abraçamos o passado.


GETÚLIO 


O ditador Getúlio Vargas estava no ostracismo nos rincões do Rio Grande do Sul. Derrubado pelos ventos da democracia pós II Guerra Mundial, Getúlio que havia prendido, torturado, roubado e censurado milhares de brasileiros, volta, de repente, ressuscitado pela lembrança da criação da legislação trabalhista e sob a emoção do povo, saudoso do PAI DOS POBRES.  


LÍDER DAS MASSAS


Getúlio anuncia seu retorno pela via eleitoral na disputa presidencial de 1950, não como líder político, mas um 'líder das massas'. Getúlio promete mais ações do Estado em favor do povo, mais benefícios sociais e traz como vice-presidente, Café Filho, personagem apagado do PSP paulista, pois São Paulo tinha o maior colégio eleitoral do país e precisava ser cortejado. 


EDUARDO GOMES


O brigadeiro Eduardo Gomes é aniquilado na eleição sob a pecha de candidato dos ricos. Conta contra o brigadeiro a notícia de que ele irá cortar o salário mínimo dos trabalhadores. 


A SEGUNDA ERA GETÚLIO 


A segunda Era Getúlio resulta em tumulto, guerra contra os adversários dos tempos de ditadura e déficit nas contas públicas. Inflação,  greves, tentativa de impeachment pelo favorecimento do jornal ÚLTIMA HORA e o atentado contra Carlos Lacerda levam ao suicídio de Vargas. A morte do presidente e sua carta testamento garantem a eleição de Juscelino Kubitschek e a sobrevida do líder trabalhista João Goulart no palco do poder. Mas a volta de Getúlio em 1950 desemboca no Golpe de 1964.


O retorno ao passado Getulista conduzindo o Brasil a uma nova época de trevas semelhante ao Estado Novo dos anos 1930/40.

 


28 de out. de 2022






ROBERTO VIEIRA

                                                                                

A personificação do drible. O maior ponta-direita da história. O homem que ganhou sozinho a Copa de 1962. O maior jogador a vestir a camisa botafoguense. 

Em 1955, o Náutico fez Mané de João.

No dia 6 de março daquele ano, a Seleção Carioca comandada por Martin Francisco entrou na Ilha do Retiro. Iria enfrentar o campeão pernambucano, o Náutico. Os cariocas trazendo a fina flor do futebol nacional; Didi, Ademir, Garrincha. O Timbu alinhando com Manuelzinho, Gago, Gilberto Carvalho, Jorginho e Ivson. 

Estádio lotado.

Os rivais pernambucanos sonhando com uma goleada dos alvinegros. Mas os alvirrubros não dão espaço para os cariocas. Didi fica preso na marcação. Ademir tenta, mas Manuelzinho está em dia de Máspoli. Pela direita um duelo à parte: Garrincha e Jaminho. O público observa aquele estranho ponta de pernas tortas vir driblando, driblando e parando na classe e determinação de Jaminho. Quando a partida se encerra com a derrota carioca por 2 x 1, Garrincha aperta a mão de Jaminho e sorri: "Tu joga tanto quanto o cumpadre Nilton! Hoje eu fui o João!"

Quis o destino que Náutico e Botafogo se encontrassem um mês depois no Quadrangular de Belo Horizonte, torneio que reuniu também Palmeiras e Atlético-MG. Garrincha não jogou contra o Náutico. Ficou observando na distância o Botafogo de Paulo Valentim sendo derrotado pelos gols de Ivson e Hamilton: Náutico 4 x 2. Com direito a olé.

O ano ia chegando ao seu final. A política nacional era uma baderna. Jânio Quadros ameaçava renunciar ao governo de São Paulo. JK visitava o Recife e prometia que em seu governo Pernambuco seria o São Paulo do Nordeste. Não satisfeito, o Botafogo decidiu excursionar pelo nosso Estado numa revanche contra o Náutico.

No dia 14 de outubro de 1955, o Botafogo do técnico Zezé Moreira, treinador da Seleção Brasileira na Copa de 54 entra em campo com Lugano; Oswaldo, Domício e Nilton Santos; Pampolini e Juvenal; Garrincha, João Carlos (Quarentinha), Caznok, Paulo Valentim e Neivaldo. O Náutico do técnico José Fiorotti forma com Celso; Caiçara e Lula; Edmilson, Gilberto e Nenzinho; Guedes, Hamilton, Ivson, Carlos Alberto e Jorginho. Arbitragem do Sr. Willer Costa. 

Garrincha estranha a ausência de Jaminho e pensa que vai ter moleza. Mas Nenzinho gruda nele e quando é driblado surge Lula na cobertura. Caznok, a grande esperança alvinegra para substituir Dino e Vinícius, negociados com a Itália, é marcado impiedosamente por Caiçara. Tão impiedosamente que sumiu do futebol até hoje. Quando Quarentinha arrumava um espaço para o chute, Celso defendia seguro.

Aos 10' do segundo tempo, Nilton Santos cochila e Ivson surge para anotar Náutico 1 x 0. Garrincha olha pro cumpadre desolado. Esse torneio não tem segundo turno. No banco, Zezé Moreira esbraveja. Perdeu a aposta pra Fiorotti. O jogo caminha inalterado até o apito final. Pois em 1955 o Náutico fez os cariocas, o Botafogo e Mané Garrincha de... João.