Por ROBERTO VIEIRA
O Flamengo vai receber sete milhões de reais pelo patrocínio da Havan. Nas redes sociais, divisão. Uns aplaudem e chamam quem não aplaude de FlaPsol. Outros criticam e esconjuram Landim: Flacistas!
A história ensina que todos estão errados e história ensina que todos estão com a razão.
O grande Flamengo dos anos 70 brilhou nas ondas da Globo. A Globo dos anos 70 era porta voz do regime – muitos dirão que não. Como o Estádio de São Januário era a Nuremberg do Estado Novo. Um imenso teatro ao ar livre.
Médici era gremista. João Leitão de Abreu, amigo de Médici, chefe de gabinete do regime militar. Leitão de Abreu foi presidente do Grêmio. Juntos, eram aplaudidos nos estádios de futebol.
O Torneio do Povo foi um torneio bolado para homenagear o povo brasileiro. Reuniu as maiores torcidas de cada estado entre 1971 e 1973. O primeiro campeão do Torneio foi o Corinthians. Torneio do Povo que se chamava oficialmente... Emílio Garrastazu Médici.
Por vezes, os próprios clubes mergulharam na esquizofrenia. O Timão do Torneio do Povo se tornou arauto das Diretas Já. Diretas Já que não eram apoiadas pelo candidato que doou um estádio ao clube. Ok, tempos depois.
Os clubes pelo Brasil nunca tiveram dúvida. Homenagens e nomes de estádio para os califas de cada época : ‘Depois a gente troca o nome!’
Lá fora, o Benfica brilhou com Salazar. O Real Madrid fez história na era franquista... o Barcelona também se deu bem. Boca e Peron.
Azzurra e Mussolini. Los Hermanos e Videla.
O futebol é o mais democrático dos esportes. O futebol adota qualquer regime em troca de boa grana. Torcedores, idem. A ideologia desaparece no primeiro grito de gol, sempre foi assim com honrosas e espetaculares exceções.
Como o Dínamo de Kiev na Ucrânia ocupada. Como o Bayern de Munich na Alemanha nazista. Como o FK Austria Wien pós Anschluss.
Caso o Flamengo seja campeão da Libertadores este ano. Don’t worry, be happy!
A paz será feita entre FlaPsol e Flacistas, pois o melhor cachimbo da paz no futebol é a vitória. Pura mescalina... como diriam Carlos Castañeda e Jim Morrison cantando Light my Fire no Mojave.
* Expressões colhidas nas redes sociais
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