11 de nov. de 2017



Por ROBERTO VIEIRA

O pesadelo chega de repente.
A derrota.
O gol perdido debaixo do travessão.
A lágrima presa na garganta de criança explode.
Lembra do pai.
Um homem não pode chorar.
Enxuga o rosto na camisa suada.
O time adversário explode campeão.
O caminho de casa é longo e inesquecível.
Queria estar longe dali, bem longe.
Tão longe quanto o gol perdido debaixo do travessão.
Duque late no portão.
Ele passa por Duque sem carinho e sem afeto.
Deita na cama e pensa.
Um homem não pode chorar.
Pouco depois chega o pai.
Senta ao lado do filho deitado na solidão:
‘E o jogo, filho?’
O menino conta do gol perdido.
A derrota.
O horizonte perdido.
Olhos úmidos que não devem chorar.
O pai vai na gaveta da velha escrivaninha.
Pega uma revista antiga.
Lá está o garoto de dezessete anos chorando nos braços dos companheiros.
Campeão do mundo.
Lágrimas aos borbotões.
Pensamento no pai nas Minas Gerais.
‘Filho, um craque também chora!’
O filho explode em um oceano de lágrimas e sentimentos.

Imunes aos gols e ao tempo.


Um comentário:

  1. Ouvi na rádio seu relato sobre sua relação com Duque. Que bonito, Roberto.

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