Por
ROBERTO VIEIRA
O pesadelo chega de
repente.
A derrota.
O gol perdido debaixo do
travessão.
A lágrima presa na
garganta de criança explode.
Lembra do pai.
Um homem não pode
chorar.
Enxuga o rosto na
camisa suada.
O time adversário
explode campeão.
O caminho de casa é
longo e inesquecível.
Queria estar longe
dali, bem longe.
Tão longe quanto o gol
perdido debaixo do travessão.
Duque late no portão.
Ele passa por Duque sem
carinho e sem afeto.
Deita na cama e pensa.
Um homem não pode chorar.
Pouco depois chega o
pai.
Senta ao lado do filho
deitado na solidão:
‘E o jogo, filho?’
O menino conta do gol
perdido.
A derrota.
O horizonte perdido.
Olhos úmidos que não
devem chorar.
O pai vai na gaveta da
velha escrivaninha.
Pega uma revista
antiga.
Lá está o garoto de
dezessete anos chorando nos braços dos companheiros.
Campeão do mundo.
Lágrimas aos borbotões.
Pensamento no pai nas
Minas Gerais.
‘Filho, um craque
também chora!’
O filho explode em um
oceano de lágrimas e sentimentos.
Imunes aos gols e ao
tempo.
Ouvi na rádio seu relato sobre sua relação com Duque. Que bonito, Roberto.
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