Por
ROBERTO VIEIRA
Ídolos em seus países.
Heróis de seus povos.
Personagens com
biografia obscura no particular.
Fascinantes alegrias
dos descamisados.
Garrincha e Evita se
encontram nas suas inúmeras mortes.
Evita agonizava.
Perón se deitava com
Lolitas no quarto ao lado.
Os muros de Buenos
Aires amanheciam pichados:
‘Viva o Câncer!’
E o corpo de Evita foi
embalsamado.
Milagrosamente
conservado.
Corpo de Evita que saiu
passeando pelo mundo.
Nos escritórios de um
coronel sexualmente depravado.
Nas mãos de um bruxo
peronista na Espanha.
Em Olivos.
Em peregrinação até
repousar na Recoleta.
Garrincha também morreu
em vida no silêncio dos dribles.
Na traição da bola.
Na bebida que retirou
seu sorriso.
E ainda mais agora
quando seus restos mortais desapareceram.
Mas se pensarmos com
cuidado.
Magé e Olivos, tanto
faz.
Garrincha e Evita não
estão no Raiz da Serra nem na Recoleta.
Garrincha e Evita não
repousam em cemitério algum.
Pois a atma deles habita
a eternidade dos seus povos.
Onde não pode ser
exumada, cremada ou nada mais que o valha...
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