29 de mai. de 2017



ROBERTO VIEIRA

Era o dia de S. João de 2010. O presidente Lula sobrevoa a tragédia pernambucana. Quarenta mortos. Cidades destruídas. A força das águas destruindo tudo e a todos.
O presidente Lula e o governador Eduardo Campos botam o pé na lama. Bilhões de promessas. Trilhões de palavras. Milhões serão destinados ao estado de Pernambuco e a Alagoas.
Nada será como antes.
Cinco barragens serão construídas.
Milhares de casas erguidas distante das forças da natureza.
Nada será como antes.
Lula deixa Dilma no cargo. Eduardo se vai deixando Paulo Câmara.
Os anos vão se passando e tudo continua como dantes.
Apenas uma barragem – Serro Azul – sai mais ou menos do papel.
Era tudo questão de tempo – a seca atroz adiou o evento.
2017.
O cenário de destruição se repete. 2017. Rios transbordam. O que faz parte da natureza. Mas as populações continuam ali indefesas, eleitoras das palavras ao vento.
Temer e sua entourage desembarcam no Palácio do Campo das Princesas. Temer que não molhou os pés pois não é Lula – única diferença. Praça da República vazia.
Bilhões de promessas. Trilhões de palavras. Milhões serão destinados ao estado de Pernambuco e a Alagoas.
Tudo conversa fiada – fiada não, pois o dinheiro existia e foi gasto em algum outro lugar.
E a gente tem que voltar no tempo e infelizmente, pois era ditadura mesmo e ninguém está aqui fazendo defesa daquelas barbaridades dos anos 60/70, recordamos Ernesto Geisel e Moura Cavalcanti decidindo que o Rio Capibaribe seria dominado. Decidindo que Pernambuco não viveria outro 1975, tragédia que vitimou cem pernambucanos e desabrigou milhares.
Pois no dia 29 de maio de 1978 – exatos 39 anos atrás – Geisel está numa Praça da República lotada dizendo que sobrevoou a Barragem de Carpina e a de Goitá. Dizendo que cumpriu o prometido e agradecendo ao governador Moura Cavalcanti a colaboração. O Capibaribe está de joelhos e sua calha drenada.
Vendo aquela multidão na praça, cabe ao oposicionista Jarbas Vasconcelos o tom político da ocasião. Jarbas afirmando que tudo aquilo era ‘apenas pra garantir a eleição de Moura ao Senado’. Esquecido dos flagelados. Coisas da política.
Curiosamente, o ultraconservador Moura apoiou Jarbas na campanha ao Senado em 1979, assim como a volta de Arraes do exílio.
A História registra tudo isso, meus amigos. Registra a crueza da Ditadura. E registra com amargura as palavras vãs de muitos que se dizem democratas, botam o pé na lama, mas deixam tudo como está.
A História condena Geisel e Moura pela tortura das liberdades democráticas.
A História que também reconhece: Geisel e Moura fizeram muito mais pelas populações ribeirinhas do que conta a nossa vã consciência.
Geisel que foi interventor na Paraíba no Estado Novo. Moura, filho de Macaparana.
Então, só nos resta aguardar o tão sonhado dia em que os ditos democratas gastem o dinheiro do povo em barragens para o povo.
Pra que a gente não precise resgatar lembranças dos anos de chumbo da nossa História.

E possamos dizer que a Democracia é um governo do povo, pelo povo e para o povo.


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