ROBERTO VIEIRA
Era o dia de S. João de
2010. O presidente Lula sobrevoa a tragédia pernambucana. Quarenta mortos.
Cidades destruídas. A força das águas destruindo tudo e a todos.
O presidente Lula e o
governador Eduardo Campos botam o pé na lama. Bilhões de promessas. Trilhões de
palavras. Milhões serão destinados ao estado de Pernambuco e a Alagoas.
Nada será como antes.
Cinco barragens serão
construídas.
Milhares de casas
erguidas distante das forças da natureza.
Nada será como antes.
Lula deixa Dilma no
cargo. Eduardo se vai deixando Paulo Câmara.
Os anos vão se passando
e tudo continua como dantes.
Apenas uma barragem –
Serro Azul – sai mais ou menos do papel.
Era tudo questão de
tempo – a seca atroz adiou o evento.
2017.
O cenário de destruição
se repete. 2017. Rios transbordam. O que faz parte da natureza. Mas as
populações continuam ali indefesas, eleitoras das palavras ao vento.
Temer e sua entourage
desembarcam no Palácio do Campo das Princesas. Temer que não molhou os pés pois
não é Lula – única diferença. Praça da República vazia.
Bilhões de promessas.
Trilhões de palavras. Milhões serão destinados ao estado de Pernambuco e a
Alagoas.
Tudo conversa fiada –
fiada não, pois o dinheiro existia e foi gasto em algum outro lugar.
E a gente tem que
voltar no tempo e infelizmente, pois era ditadura mesmo e ninguém está aqui
fazendo defesa daquelas barbaridades dos anos 60/70, recordamos Ernesto Geisel e
Moura Cavalcanti decidindo que o Rio Capibaribe seria dominado. Decidindo que Pernambuco
não viveria outro 1975, tragédia que vitimou cem pernambucanos e desabrigou
milhares.
Pois no dia 29 de maio
de 1978 – exatos 39 anos atrás – Geisel está numa Praça da República lotada
dizendo que sobrevoou a Barragem de Carpina e a de Goitá. Dizendo que cumpriu o
prometido e agradecendo ao governador Moura Cavalcanti a colaboração. O
Capibaribe está de joelhos e sua calha drenada.
Vendo aquela multidão
na praça, cabe ao oposicionista Jarbas Vasconcelos o tom político da ocasião. Jarbas
afirmando que tudo aquilo era ‘apenas pra garantir a eleição de Moura ao Senado’.
Esquecido dos flagelados. Coisas da política.
Curiosamente, o ultraconservador
Moura apoiou Jarbas na campanha ao Senado em 1979, assim como a volta de Arraes
do exílio.
A História registra
tudo isso, meus amigos. Registra a crueza da Ditadura. E registra com amargura
as palavras vãs de muitos que se dizem democratas, botam o pé na lama, mas
deixam tudo como está.
A História condena
Geisel e Moura pela tortura das liberdades democráticas.
A História que também
reconhece: Geisel e Moura fizeram muito mais pelas populações ribeirinhas do
que conta a nossa vã consciência.
Geisel que foi
interventor na Paraíba no Estado Novo. Moura, filho de Macaparana.
Então, só nos resta
aguardar o tão sonhado dia em que os ditos democratas gastem o dinheiro do povo
em barragens para o povo.
Pra que a gente não
precise resgatar lembranças dos anos de chumbo da nossa História.
E possamos dizer que a
Democracia é um governo do povo, pelo povo e para o povo.
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