Por ROBERTO
VIEIRA
O Clube Náutico
Capibaribe parece ter chegado a um beco sem saída. Treze anos sem títulos.
Chacota nas redes sociais e na mídia. Guerra civil entre seus sócios.
Desclassificação na Copa Brasil Sub 20 por questões administrativas. Bronca no
contrato com a Arena Pernambuco. Estádio dos Aflitos precisando de uma cara e
extensa reforma. Campanhas bisonhas no Nordestão e Copa Brasil.
Toda crise implica em
dois caminhos na vida. Ou você desaparece ou renasce mais forte e mais moderno.
O Náutico já viveu crises semelhantes no passado e reviveu, basta olhar para
1949 e 2000. Portanto, ressurgir não é problema insolúvel. Mas que tal
ressurgir de forma a evitar que tais vexames voltem a acontecer?
As condições para um novo
começo, uma ressurreição existem. A torcida alvirrubra tem alto poder
aquisitivo. O clube tem condições plenas de colocar uma média de vinte mil
torcedores por jogo nos estádios – desde que tenha uma equipe competitiva em
campo. Existe um Centro de Treinamento em excelentes condições de uso, fruto do
trabalho de uma legião de sócios. O clube tem uma área nos Aflitos que pode ser
aproveitada para esportes amadores e para uso social dos seus aficcionados e
não-aficcionados. O clube tem história e é parte da memória da cidade e do
estado de Pernambuco.
Porém... aí vem a parte
mais difícil, como modificar o pêndulo da história? Como viabilizar o inviável?
Um bom começo é
reconhecer que o futebol é inviável em todo o mundo. Os clubes que se dedicam
primordialmente ao futebol não são entidades lucrativas nas suas contas
bancárias. O fundamental é o lucro na sua sala de troféus e na sua imagem na
mídia. Normalmente se reinveste o que se ganha nas contas bancárias no elenco.
Viabilizar um clube de futebol não significa ter uma conta no banco de fazer
inveja, mas ter um patrimônio em imagem, atletas e conquistas. A camisa vale
quanto ganha e quanto representa no imaginário de seus torcedores e no âmbito
esportivo.
Primeiro passo nos
Aflitos? Criar uma terceira via de Poder. Uma terceira via que não esteja
conectada com a guerra civil de ofensas e despautérios que tomou conta do clube
nos últimos anos. Uma terceira via que pacifique a casa sem necessariamente
precisar que todo mundo pense igual – fato impossível. Basta apenas colocar o
Náutico Acima de Tudo. Poderíamos chamar de governo de coalizão.
Segundo passo? Uma
pesquisa do lado financeiro do clube. Quantos funcionários tempos? De quantos
funcionários precisamos? Qual a folha de pagamento dos funcionários que podemos
pagar em dia? Chega de conviver com atraso de salários como se fosse o décimo
primeiro mandamento de Moisés. Se possível, enxugar o quadro, qualifica-lo e
pagar até um décimo quarto salário de bônus.
Terceiro passo? Um
gabinete das dívidas trabalhistas do clube. Quanto e a quem devemos? Quanto
pagaremos de acordo? Proibição formal de contratar e demitir sem análise
financeira dos contratos. Qual o passivo do clube? Como vamos quitar este
passivo?
E seguirmos o remédio
amargo até o fim.
Quarto? Condições
plenas para os atletas da base. Conforto, educação e saúde para nossos meninos.
Precisamos que eles carreguem pela vida o orgulho de terem sido criados no Clube
Náutico Capibaribe. Respeito e dignidade para a Base.
Quinto. Respeito e
dignidade com nossos sócios. Promoções, tratamento vip, recepção de primeiro
mundo, atenção e antecipação nos desejos dos que amam e consomem o clube. O
sócio tem sempre razão. Em vez de pedir para que o sócio se sacrifique pelo
clube, o clube deve se tornar um padrão de cuidado com seu torcedor.
Sexto. Todo poder ao
Marketing. Recuperar a imagem do clube através da propaganda positiva. O
Náutico deve ser o clube que todos gostariam de ser.
Sétimo. Ao se tornar um
clube de primeira, o Náutico deve associar sua imagem com produtos e parceiros
de primeira. A capacidade financeira da torcida alvirrubra deve ser
capitalizada em receitas para o clube. O clube precisa se tornar independente financeiramente
com receitas paralelas ao futebol.
Oitavo. Rosa e Silva
precisa se tornar um oásis dos esportes amadores e da vida social do clube como
foi no passado. Situado num dos locais com maior poder aquisitivo do Recife, o
Náutico precisa voltar a ser referência na prática desportiva e social na
região.
Nono. Já existe um belo
projeto de Arena dos Aflitos nos moldes dos estádios londrinos. Não é uma parte
fácil do projeto do Náutico. Existe uma
crise no Brasil, mas nunca é demais lembrar que o futebol do Náutico nasceu do
crack da Bolsa em 1929.
Décimo? O Clube Náutico
Capibaribe deve sempre se lembrar do que o clube é e do que ele representa. O
Náutico é um clube que sempre venceu campeonatos baseado na técnica refinada de
seus atletas. Um clube que sempre celebrou o talento. Um clube que foi legado
de geração em geração através de 116 anos. Um clube de Bitas e Carlos Celsos. Um clube de Lucídios e Ivanildos, Ivans e Salomões.
Um clube que sempre prezou pelos triunfos cobertos de glória nos campos, nas
piscinas e nas quadras.
Um clube que precisa
trafegar na virtualidade do século XXI para voltar a ser uma das mais belas
realidades da alma pernambucana.
Mas para isso é
necessário grandeza. A grandeza de todos os atores envolvidos na história e no
dia a dia do clube. Grandeza e profissionalismo. Porque um clube só é grande
quando são grandes e imensos aqueles que escrevem a história de um clube.
Quando aqueles que amam
o clube colocam o Náutico Acima de Tudo.
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