Por
ROBERTO VIEIRA
Lá
estava ele em nostalgia no maior conforto. Aquela angústia inusitada sentado na
Arena no final de tarde. Aquele sentimento de perda infinita comendo pipoca com
o neto. A saudade de um tempo regulamentar que já se foi...
Ah, que saudade que eu
tenho!
Roubaram o cachorro
quente com tomate, cebola, pimentão e carne moída.
Roubaram o jogo na
beira do campo sem alambrado.
Depois roubaram alambrado
e o fosso.
Roubaram o inofensivo
batedor de carteiras.
O ceguinho pedinte de
cuia na mão.
Roubaram as baianas do
Campo da Graça.
Roubaram até Padim Ciço
no Presidente Vargas.
Roubaram o Barro Preto –
bem antes de roubarem o JK.
JK que foi substituído
por um governador, absurdo esse, uai!
Levaram-me o Velódromo
faz tempo.
A Mooca.
Bariris, Ilha do
Governador, Laranjeiras que ainda me sorri.
Quando entro no
elevador e lembro os Eucaliptos.
O British Club, o
Parque Central e os Aflitos.
Ah, aquela grama dos
Aflitos!
A Boca Maldita.
Vestiários retocados
com cal virgem.
Sinais da cruz no Pedro
Ludovido em dia de domingo.
Bandeiras tremulando na
Pajuçara após a peixada.
Figueira de Melo onde
namorei pela primeira vez uma bola.
Ainda bem que não me
levaram a Vila.
Vila que foi maior que
o Nou Camp.
Vila que viu o que
Wembley jamais verá.
Vila que simboliza os
velhos campinhos de Casimiro de Abreu.
Que futebol, que
sonhos, que cores!
Campinhos dessa saudade
que temos.
Das Moças Bonitas de
nossa vida que os anos não trazem mais...
0 comentários:
Postar um comentário
Comentários