21 de dez. de 2016



  Por ROBERTO VIEIRA

Lá estava ele em nostalgia no maior conforto. Aquela angústia inusitada sentado na Arena no final de tarde. Aquele sentimento de perda infinita comendo pipoca com o neto. A saudade de um tempo regulamentar que já se foi...

Ah, que saudade que eu tenho!
Roubaram o cachorro quente com tomate, cebola, pimentão e carne moída.
Roubaram o jogo na beira do campo sem alambrado.
Depois roubaram alambrado e o fosso.
Roubaram o inofensivo batedor de carteiras.
O ceguinho pedinte de cuia na mão.
Roubaram as baianas do Campo da Graça.
Roubaram até Padim Ciço no Presidente Vargas.
Roubaram o Barro Preto – bem antes de roubarem o JK.
JK que foi substituído por um governador, absurdo esse, uai!
Levaram-me o Velódromo faz tempo.
A Mooca.
Bariris, Ilha do Governador, Laranjeiras que ainda me sorri.
Quando entro no elevador e lembro os Eucaliptos.
O British Club, o Parque Central e os Aflitos.
Ah, aquela grama dos Aflitos!
A Boca Maldita.
Vestiários retocados com cal virgem.
Sinais da cruz no Pedro Ludovido em dia de domingo.
Bandeiras tremulando na Pajuçara após a peixada.
Figueira de Melo onde namorei pela primeira vez uma bola.
Ainda bem que não me levaram a Vila.
Vila que foi maior que o Nou Camp.
Vila que viu o que Wembley jamais verá.
Vila que simboliza os velhos campinhos de Casimiro de Abreu.
Que futebol, que sonhos, que cores!
Campinhos dessa saudade que temos.

Das Moças Bonitas de nossa vida que os anos não trazem mais... 


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