Por
ROBERTO VIEIRA
Era Nova Granada de
Espanha, diria Blanc.
Corações tropicais
cobertos de terra e adeus.
Era o café.
A Liga Pirata do
Millionarios.
O azul ballet.
Febre louca e breve
ferindo o silêncio e o ar.
Macondo e Buendía.
Movimentos
guerrilheiros que se estendiam.
Entre o narcotráfico e
a ideologia.
Era Betancour.
Valderrama nas selvas
amazônicas.
Escobar dos bilhões em
drogas.
Escobar do gol contra e
do sonho desfeito.
Um país roubado do
Panamá.
Uma terra de Higuita e
Urrutia.
O amarelo da riqueza na
terra.
O azul do mar.
O vermelho do sangue
derramado na Independência e na dependência terceiro-mundista.
A Colômbia era todas
essas coisas.
A Colômbia eram cem
anos de solidão.
E eis que a Colômbia se
fez mãe.
Uma mãe gentil para as
vítimas do desastre aéreo.
Um povo muito além de
Di Stefano e Pedernera.
Um povo maior que a
categoria de Nestor Rossi em El Campin.
E todos os brasileiros
se descobriram meio colombianos.
Como náufragos que
chegam a Cartagena após a tempestade ter fim.
Náufragos enviando
mensagens cobertas de terra e sal.
Náufragos que descobrem
na Velha Granada.
Um pedaço da impossível
terra natal...
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