1 de dez. de 2016



Por ROBERTO VIEIRA

... enquanto multidões se reúnem para o derradeiro adeus aos mortos de Medellín

1716.
A manhã de Weimar recebe Bach.
João não tem muitas ilusões sobre a humanidade.
Poucos entendem suas composições.
Ninguém compreende seus sonhos.
A cantata está quase pronta – mas a fé começa a fraquejar.
Existe um contrato.
Existe esperança?
Maria Barbara cantaria que sim.
Mas os homens se matam por Deus.
Um menino sai correndo com uma bola nas mãos.
Seus olhos brilham.
A bola é atirada no chão e logo outro menino aparece.
O bairro é pobre, a fome é muita.
Mas os meninos seguem brincando com a bola.
Uma mulher grávida chega para assistir a brincadeira.
Os olhos de Bach observam a bola e a jovem mãe que canta.
Bach se lembra de Maria Barbara cantando no oratório.
Como Maria cantava esperando a chegada do Salvador.
Em um mundo tão cheio de guerras e traições.
Em um mundo em que o som pode ser proibido pelos monarcas.
Em um mundo de fé sanguinária.
Bach retorna para casa.
A bola ainda pode dar alegria aos meninos.
E quem sabe a sua música não possa imitar a bola?
Quem sabe a música e a bola não possam salvar os seres humanos?
Música e bola que nasceram como derradeira alegria dos homens...


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