18 de set. de 2016



  Por ÁLVARO DE CAMPOS

Todas as crônicas de futebol são ridículas.
Mesmo assim nós as escrevemos –
e não seriam crônicas de futebol se não fossem.
Meu amigo Bernardo diria:
De sonhar ninguém se cansa.
Sonhar é esquecer, diria eu.
Veja bem que levei o Algisto Lorenzato para a Lusinha.
Isso mesmo, o Algisto!
E junto com Brandão e Oto Glória montamos o time.
Djalma Santos, Marinho Peres, Nena e Ceci.
Um time dos sonhos que apenas não jogou junto por ingratidão de Deus.
E se no futebol devemos ter todos os sonhos do mundo.
Quando Brandãozinho dominava a pelota e tocava pro Dicá.
Quando Dicá acordava o Enéas para jogar.
O Canindé era o Paraíso.
Mário Américo correndo e tocando bateria?
Ora, pois!
Tombamos na Tombense... piada fácil de português.
Deixemos Botelho contra os onze da Tombense.
Botelho solitário no Tejo de nós.
Botelho português que os italianos queriam Boteglio.
Bastaria o Julinho!
Adeus, Tombense.
Porém, voltando ao tema.
Não acredito muito no presente e no futuro.
Eles não existem.
Tudo o que existe é o passado.
O passado que corre com Dener e Simão.
O passado naquela velha Lisboa que deixei para ter a São Paulo.
Eu que sempre fui estrangeiro em todo o mundo.
Uma Lisboa triste e cinzenta.
Lisboa que não existe mais.
Como talvez não exista mais a minha Portuguesa.
Refúgio na garoa ante os efeitos da saudade.
Esta saudade que me desce lágrimas.
Lágrimas de um simples torcedor.
Torcedor que finge sentir a dor que deveras sente...
E para os torcedores das outras equipes?
Aqueles que riem da nossa sorte ingrata?
Aqueles que nos julgam por Héverton?
Meu abraço!
Porque nunca conheci torcedor que houvesse tomado porrada.
Todos os meus coirmãos têm sido campeões.
Em tudo.
Todos sempre foram príncipes.

Todos eles, príncipes nos noventa minutos dessa vida!


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