Por
ÁLVARO DE CAMPOS
Todas as crônicas de futebol são ridículas.
Mesmo assim nós as
escrevemos –
e não seriam crônicas
de futebol se não fossem.
Meu amigo Bernardo
diria:
De sonhar ninguém se
cansa.
Sonhar é esquecer,
diria eu.
Veja bem que levei o
Algisto Lorenzato para a Lusinha.
Isso mesmo, o Algisto!
E junto com Brandão e Oto
Glória montamos o time.
Djalma Santos, Marinho
Peres, Nena e Ceci.
Um time dos sonhos que apenas
não jogou junto por ingratidão de Deus.
E se no futebol devemos
ter todos os sonhos do mundo.
Quando Brandãozinho
dominava a pelota e tocava pro Dicá.
Quando Dicá acordava o
Enéas para jogar.
O Canindé era o
Paraíso.
Mário Américo correndo
e tocando bateria?
Ora, pois!
Tombamos na Tombense...
piada fácil de português.
Deixemos Botelho contra
os onze da Tombense.
Botelho solitário no
Tejo de nós.
Botelho português que
os italianos queriam Boteglio.
Bastaria o Julinho!
Adeus, Tombense.
Porém, voltando ao
tema.
Não acredito muito no
presente e no futuro.
Eles não existem.
Tudo o que existe é o
passado.
O passado que corre com
Dener e Simão.
O passado naquela velha
Lisboa que deixei para ter a São Paulo.
Eu que sempre fui
estrangeiro em todo o mundo.
Uma Lisboa triste e
cinzenta.
Lisboa que não existe
mais.
Como talvez não exista
mais a minha Portuguesa.
Refúgio na garoa ante
os efeitos da saudade.
Esta saudade que me
desce lágrimas.
Lágrimas de um simples
torcedor.
Torcedor que finge
sentir a dor que deveras sente...
E para os torcedores
das outras equipes?
Aqueles que riem da
nossa sorte ingrata?
Aqueles que nos julgam
por Héverton?
Meu abraço!
Porque nunca conheci torcedor
que houvesse tomado porrada.
Todos os meus coirmãos
têm sido campeões.
Em tudo.
Todos sempre foram
príncipes.
Todos eles, príncipes
nos noventa minutos dessa vida!
Que beleza! E como dói!
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