30 de mai. de 2016



O homem não lembra.

O corpo executa o giro no quarto vazio.

Uma bola imaginária é chutada.

Mas o homem não lembra.

Uma rede imaginária balança na tarde de Munique.

Não é o câncer de Kocsis.

Não é o gás de Sindelar.

O som dos carros não atravessa a janela inexpugnável.

A Holanda pode dormir tranquila.

Os alemães não vencerão suas defesas desta vez.

Apenas o homem na tarde de Munique gira no ar.

Herdeiro de de Rahn e Walter.

O homem que sepultou o futebol total.

O homem que liquidou o sonho do verão de 74.

O homem que marcou 68 gols em 62 partidas da seleção.

O homem já não lembra de nada.

Ele derrotou o álcool.

Mas o Mal de Alzheimer matou aquele gol do dia 7 de julho.

Franz fecha as portas do quarto.

Uli está atrás das grades.

Breitner abandonou Karl Marx.

Todos eles choram em silêncio no silêncio daquela tarde de Munique.

Der Bomber habita um território só dele.

Um campo de onde não pode mais voltar...



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