14 de fev. de 2016



POR LUCÍDIO JOSÉ DE OLIVEIRA  


Dr. Lucídio Avelar

No livro “Aventuras” (coletânea de textos publicada depois da morte do autor), no capítulo dedicado à Revolução Constitucionalista de 1932, ano em que nasci, Rubem Braga relata o episódio que resultou na morte de um coronel de nome Fulgêncio dos Santos. Atingido por uma bala de fuzil no ventre, foi trazido para o hospital e operado pelos drs. Lucídio Avelar e Juscelino KubItschek, nosso futuro presidente, na época capitão-médico da Força Pública de Minas Gerais. O coronel acabou falecendo.
   − “Nenhum de nós dois era cirurgião”, confessou a Rubem Braga uns quarenta anos depois o dr. Avelar, “mas o estado dele era muito ruim mesmo”. O dr. Lucídio Avelar é hoje nome de rua residencial, onde são encontrados porém inúmeros bares e sofisticados restaurante, em Belo Horizonte. Fica em Buritis, um dos bairros nobre da capital mineira.

Rua Lucídio Lago


O escritor Renato Sérgio, autor de “Maracanã – 50 Anos de Glória”, Informa na página 38 que no Méier, zona norte do Rio de Janeiro, existe uma rua chamada Lucídio Lago. Não diz quem era nem o que fazia. E conta que um dia, nos anos 50, quiseram mudar o nome da Avenida Presidente Vargas para Avenida Castro Alves. Coisas do jornalista Carlos Lacerda, adversário e inimigo ferrenho dos Vargas. O assunto deu muito o que falar. Terminou em encrenca grossa na Câmara de Vereadores. Cita então o autor do livro do Maracanã, um registro do também jornalista Sérgio Cabral, na biografia de Ari Barroso, onde registrou a propósito dessa encrenca saboroso trecho de discurso do vereador do Partido Comunista Brasileiro Aparício Torelly, o famosíssimo Barão de Itararé, humorista, naturalmente contrário à mudança. Em respeito à memória de Vargas e por ser contrário a tudo que partisse da cabeça de Carlos Lacerda. Vale a pena reproduzir o que disse o Barão: “Muitas pessoas ilustradas ou presumivelmente cultas começam a estranhar que agora se rendam homenagens a um poeta que morreu vitimado pela tuberculose, num país em que somos todos mais ou menos poetas e mais ou menos tuberculosos... ” Todo mundo achou graça, menos Carlos Lacerda. O projeto acabou aprovado, porém devidamente engavetado. E o certo é que nunca se fez a disparatada mudança. A avenida continuou sendo a Presidente Vargas. Carlos Alves teve que se contentar, segundo Renato Sérgio, com uma rua no Méier. E explica o jornalista, para que se saiba onde fica a tal rua que ela começa na Lucídio Lago, nº 283, e termina, parece piada, mas que é a maior ironia urbana, na rua Getúlio. Lacerda queria que o poeta passasse por cima do presidente, tomando-lhe o nome na principal avenida da Cidade Maravilhosa. E os dois terminaram se encontrando no suburbano bairro do Méier! Coisas da vida e da política.


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