POR LUCÍDIO JOSÉ DE OLIVEIRA
Dr. Lucídio Avelar
No livro “Aventuras” (coletânea
de textos publicada depois da morte do autor), no capítulo dedicado à Revolução
Constitucionalista de 1932, ano em que nasci, Rubem Braga relata o episódio que
resultou na morte de um coronel de nome Fulgêncio dos Santos. Atingido por uma
bala de fuzil no ventre, foi trazido para o hospital e operado pelos drs.
Lucídio Avelar e Juscelino KubItschek, nosso futuro presidente, na época capitão-médico
da Força Pública de Minas Gerais. O coronel acabou falecendo.
− “Nenhum de nós dois era cirurgião”, confessou a Rubem Braga uns
quarenta anos depois o dr. Avelar, “mas o estado dele era muito ruim mesmo”. O
dr. Lucídio Avelar é hoje nome de rua residencial, onde são encontrados porém
inúmeros bares e sofisticados restaurante, em Belo Horizonte. Fica em Buritis,
um dos bairros nobre da capital mineira.
Rua Lucídio Lago
O escritor Renato Sérgio, autor
de “Maracanã – 50 Anos de Glória”, Informa na página 38 que no Méier, zona
norte do Rio de Janeiro, existe uma rua chamada Lucídio Lago. Não diz quem era
nem o que fazia. E conta que um dia, nos anos 50, quiseram mudar o nome da
Avenida Presidente Vargas para Avenida Castro Alves. Coisas do jornalista
Carlos Lacerda, adversário e inimigo ferrenho dos Vargas. O assunto deu muito o
que falar. Terminou em encrenca grossa na Câmara de Vereadores. Cita então o
autor do livro do Maracanã, um registro do também jornalista Sérgio Cabral, na
biografia de Ari Barroso, onde registrou a propósito dessa encrenca saboroso
trecho de discurso do vereador do Partido Comunista Brasileiro Aparício
Torelly, o famosíssimo Barão de Itararé, humorista, naturalmente contrário à
mudança. Em respeito à memória de Vargas e por ser contrário a tudo que
partisse da cabeça de Carlos Lacerda. Vale a pena reproduzir o que disse o
Barão: “Muitas pessoas ilustradas ou presumivelmente cultas começam a estranhar
que agora se rendam homenagens a um poeta que morreu vitimado pela tuberculose,
num país em que somos todos mais ou menos poetas e mais ou menos tuberculosos...
” Todo mundo achou graça, menos Carlos Lacerda. O projeto acabou aprovado,
porém devidamente engavetado. E o certo é que nunca se fez a disparatada
mudança. A avenida continuou sendo a Presidente Vargas. Carlos Alves teve que
se contentar, segundo Renato Sérgio, com uma rua no Méier. E explica o
jornalista, para que se saiba onde fica a tal rua que ela começa na Lucídio
Lago, nº 283, e termina, parece piada, mas que é a maior ironia urbana, na rua
Getúlio. Lacerda queria que o poeta passasse por cima do presidente,
tomando-lhe o nome na principal avenida da Cidade Maravilhosa. E os dois
terminaram se encontrando no suburbano bairro do Méier! Coisas da vida e da
política.
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