23 de jan. de 2016



Algumas vezes, eu penso entender a vida. Noutras tantas vezes, eu penso que não entendo a vida de forma alguma. Muitos falam na infinitesimal vida das borboletas. Um vôo breve, algumas flores beijadas, um dia de sol e, finalmente, o adeus suave de quem veio ao mundo para torna-lo mais belo.
Mas assim também é a vida do homem. Por mais longa que pareça comparada com a vida das borboletas, a existência humana é discreto piscar de olhos na eternidade do universo. Um minúsculo grão de areia na ampulheta do cosmos.
E mesmo assim a vida existe. Como um presente raro do Senhor.
Algumas vezes, eu penso entender a vida. Noutras tantas vezes, eu penso que não entendo a vida de forma alguma, especialmente quando vejo o espetáculo das cortinas que se fecham quando mais um ato da existência vai chegando ao fim.
Talvez, e venho pensando muito sobre isso nestes dias de chuva de verão, sejamos apenas e tão somente como as borboletas. Criadas para um vôo livre e belo pelos campos do mundo. Libertados dos grilhões dos casulos para que possamos embelezar o espetáculo de um universo que jamais chegaremos a conhecer por completo – nem mesmo em sua menor expressão.
Pobres daqueles que utilizam tão ínfimo vôo para semear a maldade.
Felizes dos que aproveitam tal vôo pra espalhar felicidade pelos ares, para distribuir mais vida, para glorificar o milagre da criação. Para transformar jardins em campos dos sonhos.
Porque, talvez, seja apenas isso que nos cabe.
Existirmos como prova da infinita beleza da criação.


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