7 de jun. de 2021






Por ROBERTO VIEIRA


Era uma vez uma seleção que não queria jogar a Copa América marcada na surdina em seu país. A seleção tinha vários motivos para boicotar o torneio pois uma terrível pandemia reinava em seu país. Além do mais, a tal Copa América iria servir como nuvem de fumaça para a CPI da pandemia que investigava o presidente. 


O problema é que havia outros aspectos nessa história. Parte da mídia, agentes públicos e torcedores que torciam pelo boicote estava mais interessada no cunho político da negativa da seleção. Ignoravam que vários outros torneio de futebol já aconteciam no país da pandemia. 


Outro grupo da mídia, agentes públicos e torcedores gritavam que a Copa América tinha de ser realizada nem que fosse necessário trocar técnico, comissão técnica e todos os jogadores. 


O que parecia simples, virou um problemão. O boicote virou um cabo de guerra. Pra qualquer lado que se virassem os jogadores estariam envolvidos politicamente, fato que nunca havia ocorrido na história do futebol nesse nível. Além do mais, patrocinadores e empresários lembravam que futebol é capitalismo. 


Foi quando o Undernatural de Almeida teve a idéia da terceira via. A seleção oferecia uma cabeça na bandeja ao mundo e escapava com um manifesto. O popular boi de piranha.


Procura daqui e dali, os olhos se pousaram no presidente da CBF. Ante o espanto geral, Undernatural explicou que o presidente tinha currículo pouco invejável. Bastava arranjar uma das suas estórias escabrosas e pronto!


Tudo funcionou às mil maravilhas. Os meios de comunicação tornaram público o assédio sexual do presidente da CBF que tinha tido a idéia de promover a Copa América no Brasil. 


A imprensa também publicou as diversas brigas entre o presidente da CBF e os atletas. Pena que o melhor jogador da seleção inocentemente negou uma delas.


Uma desconhecida comissão de ética da CBF afastou o tal presidente por trinta dias. O vice-presidente mais antigo assumiu o cargo interinamente, até que termine a Copa América. E logo um vice presidente ligado ao golpe militar. 


Os jogadores da seleção aceitaram participar da competição com a publicação de um manifesto contra a Copa América. Algo semelhante, mas bem distante do Manifesto de Glasgow em 1973.


E os agentes públicos, torcedores e mídia de cada lado ficaram... satisfeitos. Cada lado da barafunda política afirmando que se saiu vencedor. A direita exaltando o patriotismo dos craques e a esquerda enaltecendo a quebra de braços dos atletas com o governo. 


Resta enaltecer o conhecimento da psique tupiniquim do Undernatural de Almeida. Absolutamente genial, infinitamente superior aos Sergios Buarques da vida.


Perdedores apenas os amigos que deixaram de se falar por causa da seleção na Copa América. E a pobre funcionária da CBF assediada pelo presidente da entidade.



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