26 de abr. de 2021




Por ROBERTO VIEIRA 


Durante muito tempo no futebol brasileiro, era considerado jornalisticamente agressivo chamar um jogador preto de preto. Então, as boas práticas da profissão tascavam um 'colored' ao lado do craque. Colored eram Veludo, Leônidas, Domingos da Guia, Tesourinha e o jovem Pelé. Eram tempos de inimagináveis jogos amistosos de Brancos x Pretos.


Ontem, a cineasta chinesa Chloé Zhao ganhou o Oscar de melhor direção com o filme Nomadland. A publicação britânica Independent saudou a conquista de Zhao com a seguinte expressão: Chloé Zhao becomes first woman of colour to win Best Director.


Apesar da expressão WOMAN OF COLOUR (WOC) ser utilizada com orgulho até mesmo por Michelle Obama, não é difícil relacionar a similaridade do termo com o antigo Colored do nosso futebol. Por mais que o termo WOC tenha sido criado em 1977 no Texas durante a Conferência Norteamericana das Mulheres.


Porque segregar em um grupo as mulheres que não são anglo-saxãs? 


Mesmo com as palavras da ativista Loretta Ross de que não se trata de uma designação biológica, mas de uma definição de solidariedade, todas as mulheres são iguais. Não existe motivo para divisões. 


Talvez Zhao não se importe com o termo, como Pelé não se importou quando um jornal pernambucano em 1981 voltou ao passado  chamando Pelé de Colored por não haver recebido o título de cidadão pernambucano outorgado dez anos antes pela Assembléia Legislativa do estado.


Zhao talvez só esteja pensativa ao saber que sua vitória foi censurada em sua terra natal. 


A conquista de Zhao desapareceu do Twitter chinês e da imprensa do Império do Centro.


Vai ver lá Zhao é colored...



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