9 de mai. de 2017



ROBERTO VIEIRA
Sempre que alguém me vem falar do presente, lembro que nada existe de novo sob o céu faz tempo. Falam de uma possível renúncia do excepcional Ivan Brondi. Fazem de tudo para que ele deixe o comando de Rosa e Silva. Mas calma, Mestre Ivan. Nada de novo sob o sol.
A História é uma caixinha de surpresas. A gente volta e meia remexe nela e se surpreende com a atualidade do passado – apesar de muita gente erguer altares à modernidade.
A história abaixo foi manchete dos jornais exatamente no dia... 9 de maio de 1947. Exatos setenta anos, Mestres!
Pois bem.
Corria o ano de 1947. José Alfredo Brandão fora eleito presidente do Clube Náutico Capibaribe. Recebia o poder das mãos de Aroldo Fonseca Lima.
José havia brilhado no remo alvirrubro. Inúmeras vezes campeão, atleta de guarnições famosas, torcedor apaixonado pelo clube desde 1910, ele recebeu o clube com uma dívida vultosa para a época: 60 mil cruzeiros ou 400 mil reais em valores atuais pela tabela de conversão do Estado de S. Paulo.
José pagou os 60 mil cruzeiros nos primeiros três meses de mandato. Diante dos jornais, ele insistia que o clube não atravessava nenhum crise financeira ou social. Apesar dos desmentidos, a perda do estadual de 1946, quando o Náutico se recusara a disputar a segunda partida das finais com o Santa Cruz, era motivo de discórdia entre os sócios do clube.
A gota d’água para José veio no dia 24 de abril de 1947. Naquela jogo que serviria para o Náutico ir a desforra diante do tricolor, a derrota por 2 x 0 doeu na alma de Rosa e Silva.
José Alfredo Brandão sentiu a pressão. Os negócios e a família deixados de lado. O clube perdido em sua história, sem saber pra onde deveria ir naqueles anos de pós-guerra.
José entregou sua carta de demissão.
Os jornais buscaram descobrir os motivos. Teorias da Conspiração cruzaram os céus das redações.
Manuel César de Moraes Rego recebe o cargo. Manuel que havia sido presidente no distante 1929 – ano da chegada do célebre técnico Umberto Cabelli ao Náutico.
Diante da crise, das derrotas, do futuro incerto, com apenas três títulos estaduais de futebol na bagagem, surge um novo personagem nos Aflitos.
Um personagem que havia sido diretor de esportes terrestres sob a batuta do presidente Manuel César de Moraes Rêgo em 1929.
Um personagem que assumiria o clube no ano seguinte que seria presidente alvirrubro por mais de dez vezes. Sempre unindo o coração alvirrubro diante dos obstáculos.
O homem que construiu o mito do Náutico grande e forte.
Um certo Eládio de Barros Carvalho.
Eládio que sempre foi fã de Ivanildo e de Ivan.
NOTA DO AUTOR: Curiosamente, Manuel Cesar de Moraes Rego ainda seria presidente no Tetracampeonato de 1966.


0 comentários:

Postar um comentário

Comentários