ROBERTO VIEIRA
A vida é uma longa caminhada, em muitos aspectos
semelhante a essas caminhadas que nos prescrevem os cardiologistas e
endocrinologistas de plantão. Basta sair para caminhar em alguma alameda ou
parque da vizinhança para nos certificarmos disso.
Existem aqueles que passam pela vida a toda
velocidade, bólidos, Bolts. Seres de carne, osso e adrenalina. Algumas vezes
nos reconhecem no azougue em que seguem e emitem um ‘oi’, ‘bom dia’, ‘boa tarde’,
desaparecendo logo em seguida.
Encontramos também os mais lentos, câmara lenta,
slow motion – como diriam os narradores do antigo futebol. Estão radiantes
quando completam cem metros de andança. Felizes por demais se perfazem uma
volta. Completamente realizados quando atingem mais um dia de amanhã.
Circulam pelas cidades também as manadas de amigos. Os rebanhos infinitos de corredores que se movem em algazarra e amizade pelas ruas e avenidas, dividindo o oxigênio necessário à vida. Gregários, filiais, familiares ao destino humano de não ser um só, nos comovem pela volta a infância nas passadas repletas de suor e risos.
Ontem, não pude sair para caminhar com minha colega
de caminhadas. Tinha viagem e trabalho que me levariam pra longe. Faltei à
caminhada, mas fiquei lembrando dos passos que não dei. Mais tarde ela me
mandou uma mensagem: ‘Consegui correr um pouquinho mais. Acho que pra você é
ruim me acompanhar, pois meus passos são menores...’
Sorri ao ler a mensagem. Lembrei-me da caminhada
imensa que é a vida – e das caminhadas diárias que damos para nos manter
saudáveis nessa mesma vida. Sorrindo, lembrei-me do trote da vida, um estilo de
corrida que fazemos quando gostamos de alguém.
No trote da vida, nossos passos não são nem mais
rápidos nem mais lentos do que os passos daquela pessoa querida que nos
acompanha. Se ela (e) anda, nós andamos lado a lado. Se ela (e) corre, buscamos
correr ao seu lado também. Porém, o nosso coração sempre tenta acompanhar os
passos de quem habita ao nosso lado.
Este é o ritmo de nossa alma, de nosso corpo e do
nosso coração.
A velocidade da luz pode ser uma estrada solitária.
O momento mais feliz de nossa caminhada é simplesmente
acompanhar quem nos faz feliz...
0 comentários:
Postar um comentário
Comentários