30 de out. de 2016



  ROBERTO VIEIRA

O Nordeste brasileiro é das últimas regiões do planeta com resquícios claros de Feudalismo, regime baseado em relações contratuais servis, oriundo da decadência do Império Romano. Quando as eleições chegam, o Feudalismo residual nordestino assume suas feições mais claras.
A nobreza política de cada pequena ou média cidade busca se eternizar no Poder com suas batalhas locais. Muitas vezes, após décadas de domínio político, as famílias perdem seu Poder com a chegada de outras famílias ao campo de batalha. Porém, em alguns casos, pseudo brigas são criadas para o público visando criar uma posição e oposição de mentira, um inimigo Orwelliano a ser combatido. Mas no final, o Poder continua no mesmo saco.
Esta nobreza política local serve de esteio para a manutenção do Rei/Governador no Poder Central. Os vereadores prestam vassalagem ao prefeito – nem discutem suas ordens, votam nas Assembléias às cegas. O prefeito, por sua vez, presta vassalagem ao Governador.
Todas as decisões não se baseiam no bem da população/servos. Investimentos, corrupção, saúde e educação se prestam tão somente à manutenção do Aparelho Político. Trocam-se votos por benesses ilusórias. Os servos votam por auxílios temporários,  tijolos, empregos de parentes ou cachaça.
Os cargos comissionados se tornam moeda de troca na servidão.
A base econômica é agrária. A expansão monetária é frágil – baseada nos benefícios concedidos pelo Poder Central. As cidades desconhecem a independência. Os impostos drenam recursos para a máquina estatal.
Quanto mais os benefícios e bolsas estatais viciam os servos, mais eles se sentem desestimulados a investir no aumento de sua produtividade – esmola demais vicia o cidadão.
Corveia, talha e capitação se transformam em dezenas de impostos e taxações para a livre iniciativa. A taxa de justiça existe na forma da escravidão judiciária de quem sabe ter menos direito devido aos limites da cidadania.
E, pra completar, temos a dependência do dinheiro federal. Um Rei chamado Presidente decide aonde serão alocados os recursos do Estado Nacional. A não cooperação do Governador gera escassez de moeda para fazer frente à manutenção da máquina feudal local – e os chefes políticos locais se borram de medo de serem destituídos do Poder.
Nós?
Somos os servos. Uns mais e outros menos. Todos aqueles que observam a eleição e não participam do Jogo de Tronos. Mentiras, falsidade, roubo, assassinatos, genealogias encarapitadas no Poder, abusos, idade média, obscurantismo.
Tudo disfarçado sob o símbolo da Democracia.
Porque é o nosso voto quem legitima o teatro político de nossa sociedade.
Mas o voto se tornou apenas um voto de fidelidade e trabalho para que possamos viver nessa terra...
Pois a terra nunca foi nossa.

NOTA: Em tempo, o Clero por vezes se revolta, mas depois também presta vassalagem. Afinal de contas, os donos do poder lhes concederam isenção de impostos para que ficassem de oratório fechado. E ultimamente o Clero também voltou a ser Senhor Feudal, né?


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