ROBERTO VIEIRA
O Nordeste brasileiro é
das últimas regiões do planeta com resquícios claros de Feudalismo, regime
baseado em relações contratuais servis, oriundo da decadência do Império
Romano. Quando as eleições chegam, o Feudalismo residual nordestino assume suas
feições mais claras.
A nobreza política de
cada pequena ou média cidade busca se eternizar no Poder com suas batalhas
locais. Muitas vezes, após décadas de domínio político, as famílias perdem seu
Poder com a chegada de outras famílias ao campo de batalha. Porém, em alguns
casos, pseudo brigas são criadas para o público visando criar uma posição e
oposição de mentira, um inimigo Orwelliano a ser combatido. Mas no final, o
Poder continua no mesmo saco.
Esta nobreza política
local serve de esteio para a manutenção do Rei/Governador no Poder Central. Os vereadores
prestam vassalagem ao prefeito – nem discutem suas ordens, votam nas
Assembléias às cegas. O prefeito, por sua vez, presta vassalagem ao Governador.
Todas as decisões não
se baseiam no bem da população/servos. Investimentos, corrupção, saúde e
educação se prestam tão somente à manutenção do Aparelho Político. Trocam-se
votos por benesses ilusórias. Os servos votam por auxílios temporários, tijolos, empregos de parentes ou cachaça.
Os cargos comissionados
se tornam moeda de troca na servidão.
A base econômica é
agrária. A expansão monetária é frágil – baseada nos benefícios concedidos pelo
Poder Central. As cidades desconhecem a independência. Os impostos drenam
recursos para a máquina estatal.
Quanto mais os
benefícios e bolsas estatais viciam os servos, mais eles se sentem
desestimulados a investir no aumento de sua produtividade – esmola demais vicia
o cidadão.
Corveia, talha e
capitação se transformam em dezenas de impostos e taxações para a livre
iniciativa. A taxa de justiça existe na forma da escravidão judiciária de quem
sabe ter menos direito devido aos limites da cidadania.
E, pra completar, temos
a dependência do dinheiro federal. Um Rei chamado Presidente decide aonde serão
alocados os recursos do Estado Nacional. A não cooperação do Governador gera
escassez de moeda para fazer frente à manutenção da máquina feudal local – e os
chefes políticos locais se borram de medo de serem destituídos do Poder.
Nós?
Somos os servos. Uns
mais e outros menos. Todos aqueles que observam a eleição e não participam do
Jogo de Tronos. Mentiras, falsidade, roubo, assassinatos, genealogias
encarapitadas no Poder, abusos, idade média, obscurantismo.
Tudo disfarçado sob o
símbolo da Democracia.
Porque é o nosso voto
quem legitima o teatro político de nossa sociedade.
Mas o voto se tornou
apenas um voto de fidelidade e trabalho para que possamos viver nessa terra...
Pois a terra nunca foi
nossa.
NOTA: Em tempo, o Clero
por vezes se revolta, mas depois também presta vassalagem. Afinal de contas, os
donos do poder lhes concederam isenção de impostos para que ficassem de
oratório fechado. E ultimamente o Clero também voltou a ser Senhor Feudal, né?
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