Por
ROBERTO VIEIRA
Alguns jogadores
mudaram a história do futebol brasileiro.
Alguns poucos – embora a
lista de craques seja extensa.
Todos eles foram como
um clarão imenso.
Uma redescoberta do
jogo de bola.
Uma revolução.
O primeiro foi Charles
Miller, óbvio.
Charles ensinou o
brasileiro a jogar.
Quando todos pensavam
que já tinham visto tudo?
Friedenreich.
Quando El Tigre parecia
sublime e inexcedível?
Veio Leônidas e suas
bicicletas.
Um atacante feito de
borracha e sorriso.
Na década de 50 estávamos
perdidos.
Derrotados e
complexados como nunca.
Os deuses nos mandaram
não um, mas dois fenômenos:
Pelé e Garrincha.
E os dois cismaram de
não perder nada juntos em campo.
Monotonia.
Apareceu Zico e suas
cobranças de falta e pênaltis.
Seus dribles curtos.
O futebol moribundo
renasceu nas noites de Buenos Aires e Montevidéu.
Todos eles, sem
exceção, foram pichados e glorificados.
Deuses e demônios.
Tempo que passa.
Um belo dia o
excepcional goleiro Rodolfo Rodrigues defende uma bola.
O Bahia já perdia por 4
x 0 do Cruzeiro.
Rodolfo deixa a bola no
chão e dá esporro na defesa.
Quando Rodolfo olha pro
chão, cadê a bola?
Um menino dentuço saía
gritando gol.
O futebol brasileiro
que andava borocochô, de novo, renasce.
O menino explode para o
mundo em gols e arrancadas.
Faz delirar o Nou Camp.
Faz miséria ao lado de
Romário.
Vai aos céus.
Desce aos infernos.
Literalmente falando.
Chorando no gramado em
sua dor infinita.
Brilhando contra a
Alemanha na final inesperada.
Ronaldo se tornou no
maior conto de fadas do nosso futebol.
Sete jogadores
fantásticos.
Sete epopeias dentro e
fora do campo.
Pelé e sua caixinha de
engraxate.
Pelé chorando machucado
em 1962 e 1966.
Pelé esculhambado em
1969.
Pelé trazendo a Jules
Rimet em 70.
Zico sofrendo calado
com seu irmão preso no DOPS.
Zico acusado de ser
jogador de Maracanã.
Miller vendo sua amada
nos braços da poesia.
Friedenreich velho e
desmemoriado.
Leônidas preso por
Getúlio.
Garrincha cirrótico num
hotel de quinta categoria.
E Ronaldo.
Velho e gagá em Paris.
Lesão no tendão patelar
contra o Lecce.
Ronaldo desabando na
sua volta contra a Lazio.
Claro.
Não dá pra saber ainda
do final da história.
Ronaldo tem apenas 40
anos.
Mas ele habita o
território único.
Olimpo.
O altar dos sete
jogadores que mudaram a história do nosso futebol.
·
Com todo respeito e admiração a... Julinho,
Romeu, Zizinho, Romário, Tostão e por aí afora!
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