3 de set. de 2016



POR STENIO DE COURA CUENTRO
As últimas grandes obras ainda em curso em Recife e na RMR têm um ponto em comum. Foram mal planejadas ou pior ainda, sequer foram devidamente pensadas e organizadas nos aspectos técnicos, financeiros e operacionais e por isso mesmo estão ainda por concluir. Foram investidos milhões de reais e os equipamentos e serviços ainda não foram entregues à população. Quando o foram, estão capengas, operando abaixo da capacidade, com improvisos, jeitinhos. Vai que “cola”. A refinaria somente com um trem de produção, o BRT com metade das estações e pistas já degradadas, a ARENA sem o metrô, pior ainda, encerra as operações antes do fim do espetáculo. Presídio quase concluído, mas vazio. Enfim. A lista é grande e a população bem conhece e sofre ao ver seu dinheiro ser empregue sem o devido retorno.
Neste momento uma obra não tão grande, mas de grande importância para nossa população está no centro das discussões. Não se trata de bem público, mas privado e de uso público.
A reforma da sede do Náutico do Estádio dos Aflitos.
Diferente do que temos visto com as obras públicas, os Aflitos, será feita de forma responsável por um grupo de voluntários engenheiros e arquitetos que têm seguido a cartilha da boa prática profissional. Assim como um bom médico que diagnostica seu paciente antes de propor o procedimento, estamos fazendo o mesmo. Desde o início deste ano coletamos dados e informações, plantas, laudos de vistoria e estudos já realizados anteriormente, em medicina chamariam isso de anammnese, a história do paciente, vistoriando as instalações item por item, as instalações elétricas, a estrutura, a iluminação, o gramado, a piscina, as quadras, em medicina chamariam de exames preliminares, como a ultrassonografia, ressonância magnética e os exames laboratoriais. Calculamos a capacidade de público ante as novas normas vigentes, acessibilidade, segurança, habitabilidade, conforto, estacionamento, serviços de bar e restaurante. Neste momento já sabemos o que é urgente, necessário, inadiável, complementar, útil e importante. E não adianta dissociar o Estádio dos Aflitos da sede social do clube. Estão juntos, umbilicalmente atrelados e interdependentes. A radiografia tem que ser completa sob pena de, não se enxergar o diagnóstico completo. Tratar do fígado e não olhar para o coração, operar o baço e não ver o cérebro, isso não é possível. Temos que olhar o conjunto e é isso que todo bom engenheiro e médico faz.
Agora estamos a caminho da intervenção. Será cirúrgica. As instalações elétricas estão absolutamente imprestáveis, como as artérias do coração e precisam ser substituídas com urgência. A cadeira cativa é estreita e já não cabe o homem moderno de 1,80 metros e 90 quilos. A iluminação consome muita energia e tem que ser substituída por outra mais moderna e econômica. A drenagem e o gramado precisam ser substituídos. A estrutura, essa sim, carcomida e necessitando de reparos, não é pra menos, é uma senhora de quase setenta anos que ao longo do tempo foi ajeitando um osso aqui, uma articulação acolá, faz uma plástica, estica a pele, mas, no geral, precisa de um grande reparo. Acessibilidade. Este tema está na pauta e é Lei. Temos que dar condições de evacuar em oito minutos todo o público no meio do espetáculo. As atuais saídas não comportam. E a comida? Vai um comeu morreu com molho de jornal feito no tabuleiro? Ou a demanda é outra? Estacionamento. O que fazer com as estreitas Ruas da Angustura e Manoel de Carvalho? Vale estacionar no portão do sujeito?
Quanto custa tudo isso? Tem dinheiro? Quem paga? Em quanto tempo? Não se faz uma boa obra sem um bom planejamento. As questões aqui levantadas são algumas das outras tão ou mais importantes como o licenciamento junto às autoridades, as aprovações juntos aos órgãos competentes e mais importante, com a população vizinha.
Stênio de Coura Cuentro é Engenheiro Civil, Presidente da ABENC/PE e Diretor de Patrimônio do Clube Náutico Capibaribe.


Um comentário:

  1. Antonio (volta Náutico... volta...)4 de setembro de 2016 às 14:54

    Caros amigos,

    não sei o porquê...

    não sei...

    mas... mas, quando vejo um artigo do querido poeta ou de um dos seus amigos que diz respeito ao Estádio dos Aflitos... leio, releio... e sonho...

    sonho... e como sonho... de lá voltar...

    1 abraço.

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Comentários