Por
ROBERTO VIEIRA
Por essa a bola não
esperava.
O futebol com outro jeito
de jogar futebol.
Muda a velocidade da
bola.
Zagueiros saem tocando –
no pretérito chutão.
A precisão no toque aumentou.
Antes, apenas a grama
alta do Mineirão permitia tal engenho.
Tabelinha Pelé/Coutinho
era algoritmo.
Calculo das entranhas
mortíferas dos gramados irregulares.
Hoje, Islandias trocam
passe sem medo.
Pisar na bola. Dar uma caneta.
Fato corriqueiro.
Chutar de longe
esperando morrinho artilheiro?
Sem chance.
Os morrinhos foram
enterrados.
A cavadinha de Messi?
Uma ideia abstrata contemporânea
– fosse alguém tentar isso no antigo Morumbi!
O jogador chega da
várzea – ainda existe? – vacila.
Logo ele que levava
vantagem nas armadinhas dos alçapões.
A grama cresce onde
pisa o goleiro.
Serrar as traves para
sacanear o adversário?
Nada feito.
Os buracos que destruíram
Roberto no Botafogo?
Difíceis de encontrar.
As lesões agora são
massa vezes aceleração.
Goleiros são convidados
a espalmar as bolas.
Abrir as asas como no
handball.
Atirarem seus braços no
ponto futuro dos chutes e cabeçadas.
Essa João Leite
aprendeu com a namorada do vôlei – agora é fato comum.
Um goleiro das antigas
estaria perdido na trajetória da pelota século XXI.
PVC e poliuretano.
Até mesmo a violência
mudou de lugar.
Em vez do tostão e
carrinho?
O pisão com as travas
na chuteira adversária.
A cotovelada disfarçada
em busca do espaço vital.
A zona do agrião desapareceu.
O agrião deu lugar às
fibras orgânicas vegetais.
O vento da Ilha do
Governador encontrou teto retrátil.
O chuveirinho virou
jogo aéreo.
Passe é assistência.
Olé significa manter a posse
de bola.
Retranca passa por obediência
tática.
Bandeirinha é
assistente.
Ócio é desconforto
muscular.
O futebol se tornou
quase outro esporte.
Só falta alguém achar
que o gol é supérfluo.
Detalhe.
Mas , peraí!
Isso já fizeram no
passado.
No tempo da zona do
agrião...
Tempos modernos, Roberto.
ResponderExcluire o nosso querido e brilhante poeta entre...
ResponderExcluirentre o saudosismo e a modernidade...
(vixe, vixe... aqui não, aqui no blog não... o poeta escorregou, esqueceu... o poeta não quer mais falar do passado, chega dos Aflitos, de Bita, Pelé, seleção de 58... agora é Islândia, Chile, Portugal... vixe, vixe... hehehe)
"eu e todos nós si divirtimos aqui"