16 de jul. de 2016



 Por ROBERTO VIEIRA

Por essa a bola não esperava.
O futebol com outro jeito de jogar futebol.
Muda a velocidade da bola.
Zagueiros saem tocando – no pretérito chutão.
A precisão no toque aumentou.
Antes, apenas a grama alta do Mineirão permitia tal engenho.
Tabelinha Pelé/Coutinho era algoritmo.
Calculo das entranhas mortíferas dos gramados irregulares.
Hoje, Islandias trocam passe sem medo.
Pisar na bola. Dar uma caneta. Fato corriqueiro.
Chutar de longe esperando morrinho artilheiro?
Sem chance.
Os morrinhos foram enterrados.
A cavadinha de Messi?
Uma ideia abstrata contemporânea – fosse alguém tentar isso no antigo Morumbi!
O jogador chega da várzea – ainda existe? – vacila.
Logo ele que levava vantagem nas armadinhas dos alçapões.
A grama cresce onde pisa o goleiro.
Serrar as traves para sacanear o adversário?
Nada feito.
Os buracos que destruíram Roberto no Botafogo?
Difíceis de encontrar.
As lesões agora são massa vezes aceleração.
Goleiros são convidados a espalmar as bolas.
Abrir as asas como no handball.
Atirarem seus braços no ponto futuro dos chutes e cabeçadas.
Essa João Leite aprendeu com a namorada do vôlei – agora é fato comum.
Um goleiro das antigas estaria perdido na trajetória da pelota século XXI.
PVC e poliuretano.
Até mesmo a violência mudou de lugar.
Em vez do tostão e carrinho?
O pisão com as travas na chuteira adversária.
A cotovelada disfarçada em busca do espaço vital.
A zona do agrião desapareceu.
O agrião deu lugar às fibras orgânicas vegetais.
O vento da Ilha do Governador encontrou teto retrátil.
O chuveirinho virou jogo aéreo.
Passe é assistência.
Olé significa manter a posse de bola.
Retranca passa por obediência tática.
Bandeirinha é assistente.
Ócio é desconforto muscular.
O futebol se tornou quase outro esporte.
Só falta alguém achar que o gol é supérfluo.
Detalhe.
Mas , peraí!
Isso já fizeram no passado.

No tempo da zona do agrião...


2 comentários:

  1. Antonio (bom final de semana a todos...)16 de julho de 2016 às 14:27

    e o nosso querido e brilhante poeta entre...

    entre o saudosismo e a modernidade...

    (vixe, vixe... aqui não, aqui no blog não... o poeta escorregou, esqueceu... o poeta não quer mais falar do passado, chega dos Aflitos, de Bita, Pelé, seleção de 58... agora é Islândia, Chile, Portugal... vixe, vixe... hehehe)

    "eu e todos nós si divirtimos aqui"

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Comentários