ROBERTO VIEIRA
O encontro São Paulo x Atlético-MG sempre me traz uma
dimensão literária.
Por uma única expressão.
Antológica para o menino de sete anos de idade.
Revista Placar, 17 de dezembro de 1971.
Segunda página.
O jornalista Artur Ferreira escreve empolgado.
E ao descrever o golaço de Odair.
Uma bomba que passou no meio da barreira – Gerson se abaixou
com medo.
Artur Ferreira descreve o salto no vazio do goleiro Sérgio:
‘Sérgio ainda saltou. Por puro desencargo de consciência. ’
Parei extasiado.
Não havia entendido o significado da frase.
Mal sabia o que era desencargo.
Muito menos o que era consciência.
Só descobri tempos depois pela vida.
Quando saltava no vazio dos dias e dos amores.
Mas esta frase permaneceu comigo desde 1971.
Machadiana.
A lembrança de um goleiro vencido tentando o impossível.
A beleza freudiana de um jornalista numa revista de futebol.
Provando que escrever pode ser belo.
Tão belo quanto um jogo entre São Paulo x Atlético-MG.
Pois caneta e bola são irmãos na Criação...
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