ROBERTO VIEIRA
Muitas vezes me sinto um galês, ou irlandês.
Um apaixonado por futebol que nunca chega à Copa do
Mundo.
Um apaixonado por futebol que desconhece a glória de
um título – todos ficaram no passado.
Comparecer aos estádios parece o ato de exercer uma
velha fé.
A fé em uma religião distante cujos fiéis
desaparecem no tempo.
Acho que o sentimento é generalizado entre
alvirrubros.
Lutamos e gritamos por uma religião prestes a se
extinguir.
Renovamos nossos votos a cada domingo sem saber se
sobreviveremos ao próximo domingo.
Pois, não bastassem as ameaças do Clube dos 13 e da
globalização do futebol.
Nós também perdemos terreno em nossa própria
paróquia.
Talvez seja cobrar muita responsabilidade de nossos
jogadores.
Nenhum craque.
Nenhum fora de série.
Apenas rapazes aplicados e correndo em campo.
Desejamos que eles nos deem o passado quando mal
podem com a bola do presente.
Todos, ou quase todos, desconhecem a história do
clube.
São ciganos do futebol – como de resto, quase todos
os que jogam bola atualmente.
Quem chora e sofre são os torcedores, entre os quais
me incluo.
Neste domingo estarei em campo.
Pois sou alvirrubro, como são os galeses e
irlandeses.
Loucos que acreditam que seu país significa alguma
coisa fora dos seus corações.
Os últimos druidas do planeta Terra.
E esta fé e paixão imemorial e inexplicável,
nacionalista e fanática.
Esta fé e paixão irão comigo até o fim.
E irá até o fim com milhares de outros alvirrubros.
Porque nosso país é o Náutico.
Não somos apaixonados por futebol.
Somos reféns de uma paixão chamada Clube Náutico
Capibaribe.
E, peço perdão ao Senhor.
Se um dia, quem sabe, jogarem a seleção celestial e
o Náutico.
Eu sou inferno desde criancinha.
E se meu destino é ser um só.
Quero ser um só com Lucídio, Celso, Edgar e todo
esse monte de gente que ama o vermelho e o branco...
Marcelo Lins diz:
ResponderExcluirMuito bom esse texto, Roberto. Verdadeiro e profundo, digno de reflexão.
Também complementando outro texto, queria dizer que na vida podemos sim nos mirar em bons exemplos.
O exemplo do santa de recuperação é muito bom, inclusive na condução política do clube.
Também queria citar o exemplo do América MG que sem grandes cotas de tv começa a recuperar seu espaço.
Enfim, apesar dos fatos dizerem o contrário, ainda tenho fé que o Náutico volte a dar a alegria de um título a sua torcida.