22 de abr. de 2016



ROBERTO VIEIRA

Amores saudáveis são amores simétricos, repletos de feed back positivo. Eu te amo, tu me amas, nós nos amamos. Eu te dou bom dia, você me dá um sorriso, eu te presenteio com flores, você me dá um beijo. Parece monótono e repetitivo, mas amores precisam de segurança tanto quanto de novidades. Quanto mais entregamos mais recebemos. Não necessariamente na mesma forma, porém em igual conteúdo e magnitude.
Quando surge a assimetria no amor surge o tal de feed back negativo. A retroalimentação do desamor, destruindo aos poucos o que era tão belo.
Não adiante discutir aqui a justiça das descobertas, os defeitos inusitados, as qualidades fictícias, o sonho desfeito. Até determinado momento, as pessoas podem interromper o fluxo do feed back negativo em seus relacionamentos. Caso não deem ouvidos aos avisos de perigo no ar, os maiores amores se devoram a si mesmos.  
Instalada a assimetria, um dos amantes se torna o doador e outro se aceita recebedor. Humanamente, o doador começa a se sentir confortável, ele (a) comanda o relacionamento e o companheiro (a) começa a necessitar cada vez mais da atenção e da doação para se sentir bem. Para receber atenção, o recebedor começa a perder a dignidade do amor, aceita migalhas como se fossem banquetes. E até as migalhas de amor atiradas pelo doador se tornam mais raras. Quanto mais o recebedor perde a sua dignidade, mais isso alimenta o distanciamento do doador.
O amor que era tão belo atinge um ciclo de autodestruição. Muitas vezes, o recebedor enxerga a situação e a expõe ao doador, mas essas explicações e conversações são penosas, dolorosas e as súplicas enterram de vez o amor de quem já perdeu o respeito por quem vive ao seu lado.
É terrível o momento de depreciação da autoestima que atinge o recebedor. Como um viciado em heroína vivendo seu inferno pessoal e intransferível. Poucas dores podem se comparar a dor de perder um grande amor.
Por medo desta dor, grande parte da humanidade se sujeita ao silêncio social de viver casado com quem já não sente nada por eles – muitas vezes, sequer piedade. O desprezo permeia cada segundo da vida do pobre coitado que não consegue enfrentar a vida lá fora.
Existe alguma coisa de positivo no feed back negativo?
Claro, senão nem adiantaria falar sobre ele, dizer que ele existe.
Para os que ousam recomeçar de novo, para os que têm coragem de se levantar e amar novamente, a experiência do desamor é fundamental no autoconhecimento. Sofridos, calejados, os recebedores descobrem a humildade da simetria em vida. Normalmente, passam a cultivar os novos amores com sabedoria e consciência da fragilidade de cada relação humana.
Quanto aos doadores? 
Na longa e sinuosa estrada da vida, ironicamente e matematicamente, cada doador terá seu dia de lágrimas...


Um comentário:

  1. Antonio (pensativo...)22 de abril de 2016 às 18:46


    ai, ai... o amor... o amor...

    não há, no mundo, blog igual a este...

    num instante o querido poeta está a abrir uma garrafa de vinho preparando-se para um momento muito especial... está feliz...

    momentos após, quase que em seguida, após uma simples partida de futebol o querido poeta quer destruir... fechar os Aflitos e, mesmo com umas doses a mais do bom vinho, não consegue dormir... teve uma péssima noite...

    mas, mas... há o amor...

    e eu, enquanto escrevo estas linhas, já fechei os olhos umas 3 vezes... pensei, viajei... ai, ai... o amor...

    ai, ai... o amor...

    não há, no mundo, blog igual a este...

    o amor...

    é isso que diz um conhecido de todos nós...

    ele com mais de 70... ela no auge dos seus 30 anos...

    ai, ai... o amor

    e muitos dizem que isso É GOLPE...

    não é não... é o amor...

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