Por
ROBERTO VIEIRA
Palmas para o marketing
da FIFA.
Temos agora REPLAY.
Diante da corrupção
universal no futebol.
Temos agora REPLAY.
Nelson Rodrigues se
revira no túmulo.
Pois o REPLAY é burro,
burrinho da silva.
Ou será que não, Nelson?
O que aconteceria caso
o REPLAY existisse nas antigas Copas do Mundo?
Em 1938, teríamos visto
o pontapé de Domingos da Guia.
Pontapé que aparece de
soslaio nas gravações fascistas daquela Copa.
Em 1954, a Hungria
teria empatado a final com Puskas.
Puskas que não estava
impedido no minuto final.
1962 teria o Brasil de
fora das quartas de final.
A esperteza de Nilton
Santos punida.
O gol de bicicleta da
Espanha validado.
A final de 66?
Nenhum REPLAY
confirmaria se foi gol ou não de Hurst.
Justamente porque o
REPLAY é burro.
Mas nesse caso haveria
o recurso do smartwatch.
1970 teria revertida a
marmelada do árbitro egípcio Aly Hussein Kandil.
Falta para El Salvador
cobrada pelo México na cara de pau.
Isso se o Estádio
Asteca permitisse.
Pois é, o futebol
abraça a tecnologia finalmente.
Por força do marketing.
A medida é salutar e vai diminuir a sensação de injustiça do jogo.
Aquela sensação de que
nosso time perdeu com um gol de mão impedido na prorrogação.
O futebol vai parecer
mais puro, mais inodoro, mais incolor.
A verdade absoluta será
universal.
Júnior Baiano não vai
se queixar da Noruega.
Trezentas mil câmeras
vão apontar o mordomo.
Ou será que não?
Porque legal mesmo
seria REPLAY nas salas atapetadas da FIFA.
Onde não entram
smartwatches nem gol.
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