Por
ROBERTO VIEIRA
No princípio era assim.
Futebol se aprendia na
escola.
Futebol que nasceu da
estudantada britânica.
Futebol que chegou ao
Brasil ferroviário.
Futebol que se
metastizou nos quadros negros.
Depois veio a rua, o
paralelepípedo, a terra batida.
O futebol afro-tupiniquim.
O drible e a malícia destruíram
defesas.
Mas ainda assim havia a
lógica dos esquemas táticos.
Garrincha só era
possível com a marcação por zona.
Nesse meio tempo chegou
a frase clássica:
‘Futebol não se aprende
na escola!’
O craque já nascia
sabendo.
Saindo da barriga da
mãe fazendo embaixadinha.
Fosse assim, os
africanos seriam imbatíveis com a bola no pé.
Tudo lenga lenga.
Claro que existe o dom.
O talento e vocação
naturais.
Mas basta alguém assistir
um treino sério de um time sub-7 escolar.
Rodinhas de bobo
catalães.
Chutes a gol.
Posicionamento tático.
Os moleques burilados
no seu DNA.
Quanto melhor o
treinador?
Mais o moleque aprende.
Quanto mais o garoto é
bem alimentado e é inteligente.
Mais ele se adapta ao
raciocínio do futebol moderno.
Futebol se aprende na
escola, sim!
Quem não sabe chutar
bem pode aprender.
E se não vira Nelinho,
pelo menos deixa de ser um Zé Ninguém.
Porém, talvez muito
melhor fosse que as escolas ensinassem também a ler e escrever.
Quem sabe umas
operações matemáticas.
Quem sabe um pouco de
História.
Porque todo drible e
todo gol um dia acaba.
E fica o menino que
sonhava ser Rei.
Acordando-se plebeu.
Acordando-se plebeu.
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