15 de mar. de 2016



Por ROBERTO VIEIRA

No princípio era assim.
Futebol se aprendia na escola.
Futebol que nasceu da estudantada britânica.
Futebol que chegou ao Brasil ferroviário.
Futebol que se metastizou nos quadros negros.
Depois veio a rua, o paralelepípedo, a terra batida.
O futebol afro-tupiniquim.
O drible e a malícia destruíram defesas.
Mas ainda assim havia a lógica dos esquemas táticos.
Garrincha só era possível com a marcação por zona.
Nesse meio tempo chegou a frase clássica:
‘Futebol não se aprende na escola!’
O craque já nascia sabendo.
Saindo da barriga da mãe fazendo embaixadinha.
Fosse assim, os africanos seriam imbatíveis com a bola no pé.
Tudo lenga lenga.
Claro que existe o dom.
O talento e vocação naturais.
Mas basta alguém assistir um treino sério de um time sub-7 escolar.
Rodinhas de bobo catalães.
Chutes a gol.
Posicionamento tático.
Os moleques burilados no seu DNA.
Quanto melhor o treinador?
Mais o moleque aprende.
Quanto mais o garoto é bem alimentado e é inteligente.
Mais ele se adapta ao raciocínio do futebol moderno.
Futebol se aprende na escola, sim!
Quem não sabe chutar bem pode aprender.
E se não vira Nelinho, pelo menos deixa de ser um Zé Ninguém.
Porém, talvez muito melhor fosse que as escolas ensinassem também a ler e escrever.
Quem sabe umas operações matemáticas.
Quem sabe um pouco de História.
Porque todo drible e todo gol um dia acaba.
E fica o menino que sonhava ser Rei.
Acordando-se plebeu.


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