18 de fev. de 2016














Por ROBERTO VIEIRA


O futebol Dalí não teria gol.

Teria, apenas, dribles.

Lances rebuscados.

Imagens difusas de craques em campo.

Entretanto, não teria placar em branco.

Seria pleno de goleadas sem gol.

Salvador Dalí não idolatrava um gênio como Pelé.

Ele preferia o Heleno de Freitas.

Imprevisível.

Sem ponto futuro visível.

Por mais paradoxal que isso possa parecer.

Kubala era um perna de pau perdido em Barcelona.

Nou Camp?

Um monumento à sanidade.

Melhor era observar a abstração de Gaudí.

O futebol Dalí era um sonho permanente.

Uma eterna busca da forma sobre os sentidos.

Dalí que invejava o uniforme da Laranja Mecânica.

Para o mestre catalão, a única criação digna de contemplação.

Dalí morreu.

De lá pra cá, o mundo do futebol ficou naturalista.

Realista demais.

Bicolor.

Repleto de jogadores robôs.

Falta ao futebol daqui, o que era pleno no futebol Dalí.

Pois, como dizia o mestre:

"A criação nasce da contradição!"

E hoje, sobra unanimidade nas quatro linhas do gramado...


Categories: ,

0 comentários:

Postar um comentário

Comentários