1 de fev. de 2016




Por LUCÍDIO JOSÉ DE OLIVEIRA


Uma história fantástica.

Costumo dizer nas rodas de papo que, hoje, gosto mais da literatura do futebol que do jogo em si. É a razão para celebrar esta joia da revista eletrônica As.com, da Espanha, que reproduzo aqui no blog do Mestre Roberto. E lembro antes a história de Manuelzinho, já contada por mim neste mesmo blog. Jovem, iniciando a carreira, pegava tudo como goleiro do Rosarense de Caruaru. Tinha apenas 16 anos quando foi levado para um amistoso na cidade de Limoeiro. Não podia viajar sozinho por causa da pouca idade. Um tio se dispôs a acompanha-lo. O Rosarense venceu o jogo na casa do adversário, um feito incrível naquele tempo. Manuelzinho tinha sido o responsável pela vitória. Pegou tudo como de costume. À noite, na cidade, um baile no clube social para recepcionar a delegação visitante. Pela pouca idade, Manuelzinho, não poderia compsrecer. O tio ficaria no hotel com ele. Foi quando, depois do café, uma multidão se postou em frente ao hotel. Todos queriam ver Manuelzinho de perto, A solução, bolada pelo tio: uma fila ao custo de 200 réis por pessoa. para entrar no quarto e ver Manuelzinho de perto! Ver e tocar no herói como prova que ele existia!

O relato de Ivan Molero jornalista espanhol, na revistaAs.com, a seguir, publicado hoje, 16 de janeiro, um século depois do ocorrido, é na verdade uma jóia. Ei-lo:

 
"Foi a primeira grande figura do futebol do nosso país e hoje provavelmente disputaria as fotos das capas de revista e jornais com Cristiano e Messi. Jogou no Español (se chamou assim até 1995, quando passou a adotar o nome de Espanyol), Madrid y Barcelona. Neste ano de 1916, completa um século da estreia de Ricardo Zamora, precisamente a 22 de abril. Foi  em um Real Madri x Español, no madrilenho campo da rua O’Donnell. Os dois conjuntos disputaram na ocasião,  dois amistosos em dois dias seguidos: o primero acabou 1x1; o segundo, 2x0 para o Español, com gols de González e de Vergés. Santiago Bernabéu jogou em ambos os jogos.

A história dessa disputa é digna da época daquele futebol que tinha de romántico tudo o que não gozava de professional. O goleiro do Español era Pere Gibert, “o Grapas”, porém este se negou a viajar porque preferiu atender seus negócios en Barcelona. Assim, o clube recorreu ao arqueiro do Universitário, tão jóvem, com apenas 15 anos, que sua família não via com bons olhos que vivesse rodeado de tanto jogador adulto longe de casa. Deixaran-no viajar, mas em troca tiveram que convencer o tesoureiro do Español, Josep Maria Tallada, a asumir o compromisso de supervisiona-lo a cada momento como se fosse seu tutor.

E assim, a delegação do Español viajou a Madrid, de trem e na terceira classe, con un Zamora a que obrigaram a vestir calça comprida para que não desse na vista sua pouca idade. Como a excursão fora improvisada depressa, teve que por o uniforme da primera comunhão,  que era o único que tinha”, explicaría ele muito tempo depois em livro autotobiográfico.

A equipe ficou alojada em uma pensão na rua Carretas, e Zamora teve que pedir a um companheiro, Armet, que dormisse em seu quarto porque tinha medo de ficar sozinho. Brilhou em sua estreia e assumiu a titularidade de goleiro do Español até 1919, e de novo, de 1922 a 1929, conquistando la Copa de España, até 1930 quando o Real Madrid lhe comprou por 150.000 pesetas, una fortuna. Se converteu em o Divino, o dono do lugar: 'Solo hay dos porteros, San Pedro en el cielo y Zamora en la Tierra'."


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