HELENO VERSUS ZEBINGA |
Zébinga não dormiu direito.
Arqueiro de virtudes insuspeitas para nossa terra.
Zébinga iria ter pela Frente Gilda, ou melhor, Heleno de Freitas.
Camisa 9 nas costas.
Cabelo engomado.
Olhar penetrante de advogado com anel e tudo.
Heleno impressionava as multidões.
E Zébinga tinha apenas Palito, Alheiros, Pedrinho, Guaberinha e as duas mão para se defender.
Mr. Barrick se divertia na Ilha do Retiro.
O inglês não suspeitava dos temores de Zébinga.
Jogo que começa.
Elói de Paula dá uma de Heleno e frente a frente com Barbosa dá uma cavadinha.
A bola sobre, descendo nas redes vascaínas - campeãs sulamericanas de 1948.
Augusto, Eli e Danilo se entreolham:
'Quem é Elói?'
Mas o Vasco é o Vasco e empata com Ipojucan.
Ademir corre pra lá em Rush e volta pra cá em Queen.
A chance de desempatar surge num pênalti.
Heleno pega a bola e o cheiro de perfume francês inunda a grande área tricolor.
Zébinga fica com raiva de Heleno.
A esposa tem uma foto do craque-galã no quarto.
Debaixo da penteadeira.
Heleno bate forte, no canto, inapelável.
Zébinga salta num salto acrobático e cai com a bola entre os dedos.
Delírio na multidão.
Heleno fica estático.
Todos pensam que irá dar um murro no insolente arqueiro coral.
Mas Heleno caminha até o goleiro e aperta suas mãos.
Perfumadas como a Paris dos trópicos.
Não importa se Mario marca para o Vasco que vence por 2x1.
Zébinga se recusa a pegar na bola com a mão direita.
Sai de campo sem banho.
Chega em casa e acaricia o rosto da mulher amada com a mão que apertou a mão de Heleno.
Sua esposa beija o seu herói de capa e espada.
O colchão recebe os dois apaixonados pela noite afora.
E foram felizes para sempre...
Zébinga é o tal "corno platônico".
ResponderExcluirE eu estava lá... Na Ilha. Dou fé e assino embaixo!
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