20 de jan. de 2015



HELENO VERSUS ZEBINGA

Zébinga não dormiu direito.

Arqueiro de virtudes insuspeitas para nossa terra.

Zébinga iria ter pela Frente Gilda, ou melhor, Heleno de Freitas.

Camisa 9 nas costas.

Cabelo engomado.

Olhar penetrante de advogado com anel e tudo.

Heleno impressionava as multidões.

E Zébinga tinha apenas Palito, Alheiros, Pedrinho, Guaberinha e as duas mão para se defender.

Mr. Barrick se divertia na Ilha do Retiro.

O inglês não suspeitava dos temores de Zébinga.

Jogo que começa.

Elói de Paula dá uma de Heleno e frente a frente com Barbosa dá uma cavadinha.

A bola sobre, descendo nas redes vascaínas - campeãs sulamericanas de 1948.

Augusto, Eli e Danilo se entreolham:

'Quem é Elói?'

Mas o Vasco é o Vasco e empata com Ipojucan.

Ademir corre pra lá em Rush e volta pra cá em Queen.

A chance de desempatar surge num pênalti.

Heleno pega a bola e o cheiro de perfume francês inunda a grande área tricolor.

Zébinga fica com raiva de Heleno.

A esposa tem uma foto do craque-galã no quarto.

Debaixo da penteadeira.

Heleno bate forte, no canto, inapelável.

Zébinga salta num salto acrobático e cai com a bola entre os dedos.

Delírio na multidão.

Heleno fica estático.

Todos pensam que irá dar um murro no insolente arqueiro coral.

Mas Heleno caminha até o goleiro e aperta suas mãos.

Perfumadas como a Paris dos trópicos.

Não importa se Mario marca para o Vasco que vence por 2x1.

Zébinga se recusa a pegar na bola com a mão direita.

Sai de campo sem banho.

Chega em casa e acaricia o rosto da mulher amada com a mão que apertou a mão de Heleno.

Sua esposa beija o seu herói de capa e espada.

O colchão recebe os dois apaixonados pela noite afora.

E foram felizes para sempre...




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