... Niemeyer merece...
Por ROBERTO VIEIRA
Niemeyer era o
Garrincha arquiteto.
Curvas.
Curvas.
Curvas debruçadas no
infinito Brasil.
Nada mais inconcreto
que o concreto de Niemeyer.
Nada mais irreal.
Niemeyer que abraçava
Stalin.
Erguendo catedrais.
Em uma terra que não
conhecia Pelé e Coutinho?
Lúcio Costa e Oscar.
Traço pra cá, cálculo
pra lá.
A bola nas redes
causando inveja a Corbusier.
Sobre a cabeça os
aviões.
Rolam cabeças e Jks.
Professores demitidos
na utópica Universidade de Brasília.
O gênio observa o
Kremlin.
Passeia pela velha
Havana.
Anos de chumbo no
cálculo integral.
Unanimidade para
muitos.
Relíquia da guerra
fria para alguns.
Niemeyer era o
Garrincha arquiteto,
ou não.
Não.
Niemeyer surpreendia
como Mané.
Mas também carregava a
realeza de um Didi.
Projetava nos campos da
vida a mais bela obra de arte.
Como folha seca aos
olhos desprevenidos.
Até hoje.
Niemeyer também
parecia eterno como Friedenreich.
Jogando bola até os
cento e tantos anos de vida.
Mas Niemeyer sabia –
sempre soube.
Que seu corpo era
mortal como o de Saramago.
Imortais, eternos,
divinos.
Apenas aqueles
instantes sublimes.
Nos quais encontramos
toda a beleza dessa vida.
Em um gol.
Ou no sonhos erguidos
pelas mãos de alguém como Niemeyer...
Muito bom,Mestre! Niemeyer merece.
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