6 de dez. de 2012




... Niemeyer merece...






Por ROBERTO VIEIRA


Niemeyer era o Garrincha arquiteto.

Curvas.

Curvas.

Curvas debruçadas no infinito Brasil.

Nada mais inconcreto que o concreto de Niemeyer.

Nada mais irreal.

Niemeyer que abraçava Stalin.

Erguendo catedrais.

Em uma terra que não conhecia Pelé e Coutinho?

Lúcio Costa e Oscar.

Traço pra cá, cálculo pra lá.

A bola nas redes causando inveja a Corbusier.

Sobre a cabeça os aviões.

Rolam cabeças e Jks.

Professores demitidos na utópica Universidade de Brasília.

O gênio observa o Kremlin.

Passeia pela velha Havana.

Anos de chumbo no cálculo integral.

Unanimidade para muitos.

Relíquia da guerra fria para alguns.

Niemeyer era o Garrincha arquiteto,

ou não.

Não.

Niemeyer surpreendia como Mané.

Mas também carregava a realeza de um Didi.

Projetava nos campos da vida a mais bela obra de arte.

Como folha seca aos olhos desprevenidos.

Até hoje.

Niemeyer também parecia eterno como Friedenreich.

Jogando bola até os cento e tantos anos de vida.

Mas Niemeyer sabia – sempre soube.

Que seu corpo era mortal como o de Saramago.

Imortais, eternos, divinos.

Apenas aqueles instantes sublimes.

Nos quais encontramos toda a beleza dessa vida.

Em um gol.

Ou no sonhos erguidos pelas mãos de alguém como Niemeyer...


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