1 de fev. de 2017





Por ROBERTO VIEIRA


Gordon Banks até que tentou, e não conseguiu.

Pompéia também falhou.

Estereopsia é fundamental na difícil carreira de arqueiro.

Porém, na história do futebol pernambucano, um fato inédito ocorreu.

Ali em Caruaru.

Durante duelo terrível entre Central e Sport.

Central invicto.

Sport, favoritíssimo ao título.

O árbitro era o Sr. Sebastião Rufino.

O Central tinha quadro forte.

Zezinho, Pissica, Pedrinho, Diniz.

O Sport então, era uma seleção.

A começar por Manga no arco.

E ainda tinha Alemão, Tomires, Betancour, Laxixa, Traçaia, Djalma.

Jogo duro.

O atacante rubro negro Osvaldo atinge o rosto de Dudinha.

Dudinha que cai no chão se contorcendo em dores.

Rufino manda ele se levantar:

'Deixa de cêra!'

Dudinha levanta e grita que perdeu a visão do olho direito.

Rufino manda ele bater o tiro de meta.

O Dr. Miranda entra em campo.

Dudinha está cego.

Rufino faz proposta ao técnico Gilberto, do Central.

'Tira ele um pouco e depois ele volta'.

Waldemir vai pro gol.

O Central fica com dez homens e mesmo assim marca o primeiro gol: Pedrinho.

Loucura.

Dudinha volta enxergando duas bolas.

Lesão de córnea.

Dor insuportável.

Mesmo assim fecha o gol.

O Central vira o primeiro tempo vencendo por 1x0.

Dudinha volta para a segunda etapa.

A torcida urra nas arquibancadas.

O negócio é mandar chumbo grosso no canto direito de Dudinha.

Betancour cruza e Osvaldo acerta o ângulo: 1x1.

Dudinha põe a mão no olho machucado.

Alemão bate a falta: Sport 2x1.

O técnico Palmeira, do Sport, vira pra torcida e se vinga das vaias.

Traçaia aproveita vacilo da zaga: Sport 3x1.

O Central sai de campo envolto em sangue e suor.

O Sport volta ao Recife mais líder do que nunca.

Dudinha?

Merecia estátua de bronze no Estádio Luís Lacerda...






2 comentários:

  1. O jogador Osvaldo, citado no texto de Roberto em duas oportunidades, como o jogador que atingira Dudinha no olho e, depois, como autor do disparo no ângulo, possivelmente num ponto longe da visão mutilada de Dudinha, era um jogador polêmico. Artilheiro do campeonato, num daqueles anos na virada dos 50 para os 60, era chamado pela imprensa, e a torcida fazia coro, de "O bom Crioulo". Jogador de área, artilheiro, jogada aguda, era um terror. Também polêmico. Lendas e folclore fazem parte de sua biografia. Contam que um dia, jogo noturno na Ilha, contra o Santa Cruz, 0x0 no primeiro tempo, no vestiário no intervalo, Palmeira, o durão Palmeira, treinador do Sport, encarou Osvaldo e falam até que chegaram às vias de fato. Conto como ouvi dizer. Palmeira teria feito uma acusação vaga, sem provas e sem citar nomes, dizendo saber que tinha jogador na gaveta. Depois do jogo ia resolver a parada, claro que a seu modo... O clima esquentou. E muita mais coisa foi dita sobre esse bafafá no vestiário. Falam até em pega de Palmeira com Osvaldo. O que se sabe de certo é que no segundo tempo, Osvaldo fez quatro gol, 4x0 para o Sport. Será que Carlos Celso localiza esse jogo nos seus Retrospectos? Houve na verdade um 4x0 do Sport em cima do Santa naquela época com quatro gols de Osvaldo? Tenho uma vaga lembrança que sim. A conferir.
    Cruz, 0x0

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  2. Com Sebastião Rufino no apito, o grande Dudinha não precisava nem se dar ao trabalho do esforço...

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Comentários