24 de jan. de 2017



Por ROBERTO VIEIRA

Querido Celso,

Estou meio esquecido do mundo - se bem que querem voltar pra mim, mas não esqueci de você e tenho certeza de que você não esqueceu de mim também.

O mundo dá voltas e voltas, deu 365 voltas após seu último momento nessa dimensão terrena, deixando na gente a sensação de que o passado era um lugar de sonho e saudade. Era um tempo no qual a gente se encontrava constantemente, trocávamos figurinhas, deixávamos a alegria do futebol enternecer nosso corpo e nossa alma.

Pois esses 365 dias foram terríveis. O país mergulhou de cabeça numa crise sem fim, o povo viveu dias de amargura, bombas e assassinatos transcorreram como a coisa mais banal do mundo - tudo muito distante do seu sorriso e cavalheirismo impecáveis.

Eu poderia com esta grama em frangalhos e as traves em pedaços, traves onde se abriga nosso amigo Djalma, dizer que o mundo não presta. Dizer que melhor mesmo era lá no passado, quando nós dois existíamos como realidade móvel e imóvel.

Só que dizendo isso eu estaria contrariando o amigo que prezo tanto.

Você iria me dizer se estivesse Here Today - como cantava Paul com saudades de John - que as lembranças das vezes em que choramos porque não havia nada mais a fazer foram belas. Porém, mais belo é o futuro daqueles que ficaram nesse mundo para cumprir sua missão.

Ninguém entende esse mundo, meu amigo. Porém nós sempre podemos cantar como cantavam Paul e John. E é claro que eu, velho estádio que o mundo esqueceu, também posso cantar a minha maneira.

Cantar como se você estivesse Here Today... pois na verdade você sempre estará!

 Recife, 24 de janeiro de 2017

Estádio dos Aflitos




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