8 de jan. de 2017



Por LUCÍDIO JOSÉ DE OLIVEIRA, MDM

Eu já falei sobre esse jogo. Náutico 5x3 Sport (“O Clássico dos Clássicos, de Carlos Celso Cordeiro, Lucídio José de Oliveira e Roberto Vieira, página 67). Eu estava lá. Nas gerais, junto ao alambrado, do lado da rua Manuel de Carvalho. Com o mano Lucilo, vindo de São Paulo com passagem por Garanhuns, para as festividades dos 50 anos do Ginásio Diocesano do Pe. Aldemar, onde estudara e fora orador de turma na década de 40. O Náutico, bicampeão, tinha batido o Santa Cruz, ali mesmo nos Aflitos, uma semana antes. Eu também estava lá! Goleada: 4x0. Quatro gols de Bita! O primeiro com um minuto de jogo. Amílcar Ferreira, o juiz, vindo do Rio, apontou para a marca da cal dentro da área. Pênalti! Não tinha conversa. O goleiro do Santa era Válter Serafim. Bita foi lá e marcou. Fez mais três de bola correndo. Disseram que Válter Serafim estava sofrendo da vista, era míope. O Náutico queria ele mesmo assim. Foi o goleiro do time campeão no Hexa, em 68. 

No dia do 5x3 de virada em cima do Sport, eu estava lá de novo. Meu pai tinha uma casa no Barro, lá perto de Tegipió. Longe. Levei o mano para ver o Náutico de Antoninho jogar. Um timaço. Bola de pé em pé. Gena, Ivan, Nado, Bita, Nino, Lala, o Barcelona de hoje. De hoje, não. O de Guardiola, de três, quatro anos atrás. O Barcelona de Messi, Iniesta e de Xavi.  O Barcelona de Xavi. Chegamos muito tarde nos Aflitos, a bola já estava rolando. Não tinha mais lugar em canto nenhum. Deixaram a gente entrar, pela rua da Angustura, para a geral. Para o lado da social, nem pensar. Não cabia mais ninguém. Assistimos o jogo em pé, na ponta do pé, no passeio que fica entre o primeiro dos quatros ou cinco degraus da arquibancada, e o alambrado. Torcedores na nossa frente. E assim foi. Primeiro tempo: 3x1 para o Sport.  Na torcida, o pessoal do Sport, era o lado da geral, o espaço reservado à torcida rubro-negra, cantava o samba da época: “o neguinho gostou da filha da madame...”, de Noite Ilustrada, líder das paradas musicais naqueles dias, era só o que tocava no rádio. A festa era para o dono do jogo: Isaac, meio de campo, um pretinho com a camisa 10 do Sport. E o mano, falando par mim: “E esse seu Náutico?!” Tinha que esperar. Veio o segundo tempo. E a virada. Depois do 18º minuto, faltando somente vinte e cinco para terminar. Os quatro gols da virada: um de Bita (tinha feito o do primeiro tempo), dois de Lala e um de Nino. Andando para lá e pra cá, ansioso, esperando a reação. Muito tempo acompanhando o ataque do Náutico pela direita, para a barra do Country. Quem era naquela jogada na ponta, Nado, o titular, ou Gena? E alí pelo meio, quem estava armando o time, organizando a descida para o ataque, Ivan ou Lala?

Terminou 5x3. O Náutico com direito a uma melhor-de-três. Na final, sem negra, duas vezes Náutico, Náutico campeão! Era o Náutico de Nado, Bita, Nino e Lala. O ataque das quatro letras de Aramís Trindade.


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