11 de set. de 2016



 Por ROBERTO VIEIRA

O corpo cai no subúrbio.
Keno domina e acerta o canto esquerdo.
O corpo tenta se defender.
A bola balança as redes.
A primeira pancada atordoa.
O Sport ataca desesperado.
Uma pá desce célere sobre a vítima.
Tiago defende uma, duas, dez vezes.
São quarenta contra um.
São onze contra um goleiro.
Sangue no asfalto.
O segundo gol sai pelo alto.
Prelo alto chega o murro que cega.
O clássico é centenário.
Mas o ódio é jovem.
Mistura de inferno e torcidas nazistas.
Dois gols e a sorte muda de lado.
O que não muda de lado são as pauladas no corpo indefeso.
O Santa marca o terceiro.
A pequena multidão sai correndo.
A agressão e a violência se tornaram gol.
O gol?
Apenas um motivo para matar.
Como na Berlim de 1938.
Ninguém se prende.
Ninguém se pune.
Milícias paramilitares circulam impunes.
O Sport marca o terceiro.
Os jogadores brigam nas quatro linhas – como nas ruas.
Agora tudo é incerto na Ilha.
Incerteza também na Veneza.
Recife embarca na noite tropical.
Arrastões se espalham como nos dias de Mussolini.
Cuidado!
A próxima vítima do sangue, do suor e do clássico?

Pode ser você!


2 comentários:

  1. E ficará assim. Prendem-se meia dúzia de suspeitos, entrevistas pra radio, jornal e TV. Discursos de todas as autoridades chocadas com a violência das torcidas. Muitas promessas. A meia duzia solta. E ficará assim.

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  2. E ficará assim. Prendem-se meia dúzia de suspeitos, entrevistas pra radio, jornal e TV. Discursos de todas as autoridades chocadas com a violência das torcidas. Muitas promessas. A meia duzia solta. E ficará assim.

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Comentários