Por
ROBERTO VIEIRA
O corpo cai no
subúrbio.
Keno domina e acerta o
canto esquerdo.
O corpo tenta se
defender.
A bola balança as
redes.
A primeira pancada
atordoa.
O Sport ataca
desesperado.
Uma pá desce célere
sobre a vítima.
Tiago defende uma,
duas, dez vezes.
São quarenta contra um.
São onze contra um
goleiro.
Sangue no asfalto.
O segundo gol sai pelo
alto.
Prelo alto chega o
murro que cega.
O clássico é
centenário.
Mas o ódio é jovem.
Mistura de inferno e
torcidas nazistas.
Dois gols e a sorte
muda de lado.
O que não muda de lado
são as pauladas no corpo indefeso.
O Santa marca o
terceiro.
A pequena multidão sai
correndo.
A agressão e a
violência se tornaram gol.
O gol?
Apenas um motivo para
matar.
Como na Berlim de 1938.
Ninguém se prende.
Ninguém se pune.
Milícias paramilitares
circulam impunes.
O Sport marca o
terceiro.
Os jogadores brigam nas
quatro linhas – como nas ruas.
Agora tudo é incerto na
Ilha.
Incerteza também na
Veneza.
Recife embarca na noite
tropical.
Arrastões se espalham como
nos dias de Mussolini.
Cuidado!
A próxima vítima do
sangue, do suor e do clássico?
Pode ser você!
E ficará assim. Prendem-se meia dúzia de suspeitos, entrevistas pra radio, jornal e TV. Discursos de todas as autoridades chocadas com a violência das torcidas. Muitas promessas. A meia duzia solta. E ficará assim.
ResponderExcluirE ficará assim. Prendem-se meia dúzia de suspeitos, entrevistas pra radio, jornal e TV. Discursos de todas as autoridades chocadas com a violência das torcidas. Muitas promessas. A meia duzia solta. E ficará assim.
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