* Crônica extraída do livro lançado em 2009
Por Carlos Celso Cordeiro, MDM
Antes de relatar o que
aconteceu no primeiro embate entre Náutico e Sport, nos Aflitos, é interessante
mostrar a evolução dos principais campos de futebol de Recife até aquela época.
Quando futebol foi introduzido em Pernambuco, no ano
de 1905, os jogos eram disputados no campo do Derby, então chamado
"Campina do Derby", e no "Parque Santana". A maioria dos
jogos do campeonato Pernambucano de 1915 foi disputada na Campina do Derby.
O campo do Derby ainda existe. Lá foi erigido um
monumento alusivo à realização da 1ª partida de futebol em Recife. Este campo
fica na Praça do Derby, em frente ao Quartel da Polícia, responsável por sua
manutenção.
O campo do Parque Santana não existe mais. Ficava
localizado nas imediações do Hiper de Casa Forte.
A partir de 1911, com o crescente interesse pelo
futebol em Recife, começaram a aparecer os campos suburbanos.
Vamos nos ater aos campos mais importantes, os
utilizados para jogos do Campeonato Pernambucano, cujo início se deu no ano de
1915.
Primeiro surgiu o campo do "British Club",
um clube de ingleses. Este campo ficava em Ponte d’Uchoa, por trás de onde é
hoje o Museu do Estado e tinha como vantagem o fato de ser “cercado”.
Depois, em 1917, a LIGA (como era chamada a Federação
Pernambucana de Futebol naquela época) arrendou um terreno para construir o
campo dos Aflitos. Após 1 ano a LIGA desistiu do campo e o Náutico assumiu o
arrendamento. Posteriormente o Náutico comprou o terreno e este campo é o hoje
Estádio dos Aflitos.
Fazemos, então, uma
distinção. Chamamos de AFLITOS-LIGA, o campo dos Aflitos enquanto sob
Administração da Liga. Chamamos, simplesmente, AFLITOS, a partir de quando
passou a ser administrado pelo Náutico.
Dentro desta conceituação, o primeiro embate entre
Náutico e Sport, nos Aflitos, ocorreu em 01/09/1918, no jogo do 2º turno do
Campeonato Pernambucano.
Embora o Náutico não
estivesse numa posição que o colocasse como um dos candidatos ao título, a
rivalidade com o Sport fazia com que o jogo entre eles estivesse sempre cercado
de expectativa. A imprensa especializada prognosticava um jogo de emoções.
Véspera do jogo. Os jornais
estampam manchetes: “O IMPORTANTISSIMO JOGO DE AMANHÃ NO CAMPO DO NAUTICO”.
No 1º turno, nos Aflitos-LIGA,
o Sport havia vencido por 5x3. A revanche prometia emoções. Como comentava o
Jornal Pequeno: “É uma lucta em que se acha empenhada a honra, a dignidade
de cada um”.
Grande público compareceu ao
campo. O Jornal Pequeno referiu-se assim ao público presente ao campo: “Era de
ver-se a compacta multidão que circundava inteiramente, em dupla linha, a vasta
área do jogo, torcendo parte por um, parte por outro club”.
Às 4 horas em ponto. Os dois
times entram em campo, assim formados: Náutico: Euclides; Barbosa Lima e
Bibi; Amarinho, Arruda e Amarão; Manoel Lopes, Cleophas, Doria, Fernando
Vanderlei e Ivan Guimarães. Sport: Mário Franco; M Motta e J Manta;
Teague, Antônio Mazzullo e Ferramenta; Salazar, Chalmers, Pedro Mazzullo,
Benedicto Fernandes e Baptista.
O Sport promovia a estréia
do “Center-half” Antônio Mazzullo, irmão do “center-foward” Pedro Mazzulo. Os
dois, uruguaios.
Ainda sob os aplausos do
público aos dois times, Percy Fellows autoriza o início da partida.
O jogo se desenrola com
ataques de parte a parte. Aos 25 minutos, depois de grande confusão na área
rubro-negra, Antônio Mazzullo comete “hands”. Ao juiz, Percy Fellows, não resta
outra atitude. Marca pênalti. Manoel Lopes cobra e faz Náutico 1x0 Sport.
A vantagem no placar anima
os alvirrubros que intensificam o jogo ofensivo. Os rubro-negros reagem e
tentam desfazer a desvantagem no placar. Sem sucesso. O jogo termina com a
vitória alvirrubra. A segunda contra o Sport em jogos de Campeonato
Pernambucano. A primeira em jogos nos Aflitos.
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