13 de jan. de 2016



Lá se vão cinquenta e um anos.
Janeiro de 1965.
Uma Aranha Negra assombra a Gávea.
Voando em todas as direções.
Defendendo pênaltis entre sorrisos.
Dando autógrafos.
O maior arqueiro da história veste a camisa do Flamengo.
Não, não é sonho.
Lev Yashin passa férias no Rio de Janeiro.
E na companhia do adido cultural soviético, Moskhraik, visita o rubro negro.
A torcida não acredita.
Yashin treina com o goleiro e futuro médico Marcial.
Entrega flâmulas do Dínamo e da seleção soviética aos dirigentes.
Uma taça de triton, material das naves espaciais russas.
Um jornalista pergunta ao goleiro sobre os 'frangos'.
Yashin sorri.
Frangos na URSS são chamados de borboletas.
Na maior tranquilidade o Aranha Negra afirma:
"Levar uma borboleta não é o fim do mundo!"
Uma borboleta é um gol como outro qualquer.
Borboleta não é ave*.
A entrevista se encerra e Yashin sai com a esposa para passear.
O inverno em Moscou é lembrança.
Yashin guarda para si a ironia política da política.
Comunista e pertencente a uma ditadura de esquerda.
É ídolo da torcida brasileira.
Torcida que vive sob uma ditadura de direita.
Pois é.
O maior goleiro do mundo papava frangos, borboletas.
Só não papava criancinhas...



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