5 de jan. de 2015



Por NEWTON MORAES  


Encaminho minhas considerações ao texto escrito pelo grande alvirrubro Antônio Carlos Côrte Real Braga

Meu caro Antônio Carlos,

Hesitei em comentar seu texto por já ter abordado o assunto, recentemente, nesse mesmo Blog. Mas não resisti, pois não poderia me furtar a fazer algumas considerações que considero relevantes.
Não tenho dúvidas quanto ao seu amor incomensurável pelo Clube Náutico Capibaribe, comprovado por sua presença em praticamente todos os jogos, mesmo nos piores momentos. Assim, sua opinião merece todo o nosso respeito.
A vitória esmagadora de Glauber deveu-se ao insucesso do futebol no ano de 2013. Se a eleição tivesse ocorrido um ano antes, muito provavelmente, Paulo Wanderley – ou alguém indicado por ele – teria sido o vencedor da disputa.
Não há como justificar a quantidade de contratações que foram realizadas em 2014. Incluindo Panda - que assinou um pré-contrato e ingressou com ação trabalhista contra o Náutico - foram 48 jogadores, contra 29 no ano de 2013 (tenho planilha com todas as contratações feitas em cada ano, desde 2003). Isso equivale a mais de 4 times, sendo muitos atletas de um mesmo empresário e de uma única região, com salários elevados para o baixo nível do futebol apresentado, o que demonstra não ter havido critérios. Apenas em 2008 contratamos mais jogadores que em 2014, pois foram 57 atletas.
Concordo quando você diz que Glauber recebeu uma herança maldita. Mas ele tinha plena consciência disso e não fez – ou não conseguiu fazer - nada para livrar-se dela, pois foi incapaz de gerar qualquer receita diferenciada para o Clube.
Um trabalho recente de Amir Somoggi analisou as finanças dos maiores clubes do Brasil. Nesse estudo, a distribuição média das receitas, em 2013, foi a seguinte: 32% com Cotas de TV, 23% com Transferência de Atletas, 15% com Patrocínio e Publicidade, 12% com o Social e Amador, 10% com Bilheteria e 8 com Outras Receitas. No Náutico, a receita preponderante é a da Arena, ou seja, Bilheteria, na contramão do que vem ocorrendo com os grandes Clubes.
Não dá para se jogar toda a culpa nas gestões passadas. A atual Direção do Náutico tem que ter humildade para fazer uma autocrítica e assumir sua parcela de culpa pela escassez de recursos, pois não tiveram, até o momento, criatividade para incrementar as receitas, visto não ter conseguido:
a) Nenhum patrocínio máster e nem para manga, costas, peito ou calção;
b) Aumentar nossa cota de TV;
c) Negociar nenhum jogador (venda ou empréstimo);
d) Resultados significativos com a Campanha de Sócios.
O Santa Cruz acaba de conseguir um patrocínio da Itaipava. E nós, parceiros da Arena, nada.
Os caminhos traçados pela nossa Direção para a captação de recursos não são estruturais, buscando sempre as vias mais fáceis, quais sejam, antecipações, empréstimos, doações e, mais recentemente, a alienação de patrimônio.
Em recente entrevista no Bom Dia Pernambuco, Glauber disse que, diferentemente do Náutico, no Santa Cruz não existia essa oposição descontrolada que quer de todo o jeito o poder. Não observo isso. Talvez seja até difícil encontrar hoje quem queira assumir o Clube. De qualquer forma, vejo grandes diferenças. Antônio Luiz Neto recebeu uma herança muito mais maldita que Glauber, inclusive com o time na Série D, mas ninguém ouviu, antes ou após a eleição, ele atribuir às gestões anteriores a culpa pelos problemas do Clube. Resultado: foi tricampeão pernambucano e ascendeu o time da Série D para a B. Imaginem o bombardeio de críticas do MTA se o resultado da eleição tivesse sido o contrário, ou seja, se Marcílio Sales tivesse vencido e estivesse cometendo os mesmos erros primários que Glauber.
Comemorar vice-campeonato pernambucano e permanência na Segunda Divisão, convenhamos, é muito pouco para a grandeza do Náutico. É reconhecer que estamos nos apequenando como Clube de Futebol. Berillo Júnior que, em minha opinião, também não fez boa gestão, pegou o Clube em uma situação financeira ainda pior, ascendeu à Primeira Divisão e esteve bastante próximo do título do pernambucano, decidindo contra o Sport. Vencemos o primeiro jogo por 3x2, após estarmos ganhando por 3x0 e perdemos o segundo, na Ilha, por 1x0, com uma arbitragem de Alípio Pena Júnior totalmente prejudicial ao Náutico. O Sport foi o campeão pelo fato do regulamento estabelecer como critério de desempate, após o saldo de gols, a quantidade de gols que cada time marcou no campo do adversário.
Na atual gestão, não percebemos nenhuma melhoria em nossa sede social, inclusive em relação aos banheiros, que também foi objeto de promessa de campanha de Glauber. Temos tido inúmeros relatos, aqui no Blog do Roberto e na imprensa, de descaso com o parque aquático, acarretando a perda de inúmeros alunos da Escolinha de Natação.
Vemos qualquer pessoa entrar na sede do Náutico sem que seja exigido que seja sócio adimplente. Constatamos que muitos, inclusive, utilizam o estacionamento do Clube para deixar seus carros. Isso fica bem visível quando ocorrem jogos na quadra, pois o pátio fica lotado. De que adianta ser sócio adimplente se não há privilégios?
Quanto à reação do Dr. Fernando Azevedo, entendo que ele tem razões de sobra para estar insatisfeito, pois testemunhei o entusiasmo, esperança e confiança dele - e do grupo do qual faz parte - na atual Direção. As principais promessas de campanha não se concretizaram, tais como a transparência, a preservação do patrimônio, o choque de gestão, o critério nas contratações e o incremento na quantidade de sócios.
A verdade, meu caro Antônio Carlos, é que a atual Direção precisa acabar com essa mania de dirigir o Clube apenas olhando pelo retrovisor. Para ajudar a tirar o Náutico da difícil situação em que se encontra, é preciso se dar as mãos, sim, mas, para isso não basta o discurso meramente retórico de que o Náutico é de todos e que as portas estão abertas para quem quiser colaborar. É necessário que os que comandam atualmente o Clube apresentem números que retratem com fidelidade a real situação financeira do Clube e que haja gestos concretos de humildade e receptividade aos apoios oferecidos.
Será que os atuais dirigentes já pararam para refletir e se perguntar por que tanta gente qualificada deixou de compor seu quadro diretivo por não ter se adaptado ao estilo de trabalho deles? Mário Celestino e Roberto Vieira são bons exemplos. Não dá para perceber que tem alguma coisa errada?

Concordo com você, meu caro Antônio Carlos, quando diz que ninguém tem o direito de solicitar renúncia a um presidente que foi eleito com 73% dos votos. O “impeachment” também só caberia em caso de falta muito grave e, até o momento, não vejo nenhuma razão para tal, inclusive porque está fora de cogitação, qualquer desconfiança quanto à honestidade de Glauber, Gustavo e Durval.


7 comentários:

  1. Marcelo Lins diz:
    As palavras de Newton Morais estão perfeitas e retratam com precisão a atual gestão do Náutico. A análise é extremamente verdadeira.
    De toda forma é importante que se ressalte 02 coisas:
    A primeira é que reconhecer erros é ponto fundamental para o crescimento, enquanto o presidente e seus defensores não reconhecer os erros, entendo que não irão avançar e fazer um clube forte.
    A segunda que as críticas e os pontos negativos apontados por Newton, tenho a certeza que o mesmo desejaria fazer um artigo elogiando a gestão, pois trabalhou muito para o MTA no período de eleição. Que todos que hoje fazem o clube entendam que queremos apenas o bem do Náutico.

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  2. Parabéns pelo texto, Nilton. Retrata a realidade do nosso clube.
    Afetuoso abraço.

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  3. Filipe:
    Excelente reflexão sobre o momento atual do Náutico.

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  4. João Caldas:
    Carissimo Newton, parabens, mais uma vez, pelo excelente testo, voce simplesmente escreveu o que todo amante do nosso Amado Nautico, gostaria de escrever e que conhce os bastidores do Clube nesse 15 anos. Ainda a tempo para o presidente Glauber fazer uma grande reflexao e tirar um rumo, um norte, de gerir de forma mais correta o nosso amado Clube, se ele tiver a coragem, mas a coragem Moral, quero dizer no sentido dos valores da Alma, do coração, pelo AMOR ao Clube, quebrando paradigamos que cada um de nós temos, mas quando rompemos com esse paradigamas, um novo horizonte se ergue em nossa frente. Faço minhas rogativas ao Pai Eterno que o Presidente Glauber e toda sua diretoria possa ser merecedor da presença da iluminação Divina de forma que possa conduzir o nosso Amado Nautico ao caminho das conquistas, nao se deixando levar por sentimentos mesquinhos que, prejudica qualquer ser humano, quem toma decisões calcadas no amor e toda as ações, do dia a dia, que deriva do Amor, terá sempre a proteção Divina, sera sempre abençoado, diferente daqueles que agem de formas equivocadas, estarao sempre amargando fracassos. Saudações Alvirrubras. SOMOS TODOS NAUTICO, este é nosso lema. Um afetuoso abraço a todos. João Caldas. Conselheiro do Clube Nautico Capibaribe.

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  5. João Caldas:
    Somente corrigindo: *texto

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  6. A direção deveria procurar todos que podem ajudar ao Náutico, a começar pelos Alvirrubros que se entusiasmaram com o MTA e se decepcionaram. Não é hora de manter "clima eleitoral", ainda mais por quem governa, que precisa de tranquilidade e estar cercado de boas pessoas, e precisa de fato reconhecer seus erros e repactuar o clube.

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  7. Tratar os aliados como adversários é a melhor maneira de torná-los realmente adversários.

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Comentários