19 de nov. de 2012




Por LUCÍDIO JOSÉ DE OLIVEIRA, MDM



Vi Maneco jogar apenas e tão somente uma única vez. Muito pouco. Pra mim, porém, para juízo de valor e saber de quem se tratava, foi o bastante. Um craque de bola. Aconteceu numa noite de inverno, em 1948, nos Aflitos. Era, jovem recém-chegado ao Recife, a primeira vez que assistia a um jogo à noite no campo do Náutico. Era o primeiro jogo noturno de minha vida. Encostado no murinho , no meio do campo, no lado das gerais, vi Maneco fazer o que queria com a bola. Amistoso Náutico x América do Rio, um jogaço. O Náutico acabou derrotado, 3x2 no placar. Mas isso não queria dizer nada. O futebol a que assisti foi de encantamento. Um dos melhores jogos que teria a felicidade de ver durante a vida toda. Futebol de pura arte, bola de pé rente ao chão, assim como faz hoje o Barcelona. O América era o América do Tico-Tico no Fubá. Tinha o endiabrado Maneco no ataque. E tinha também Gilberto no meio do campo. Gilberto que tinha sido, menino recém-saído dos juvenis, campeão pelo Náutico em 1945. Do outro lado, com a camisa alvirrubra, no meio do campo, Zeleão e Alcidésio. O jogo foi um deslumbramento.

Maneca, eu vi jogar mais de uma vez. Sempre com a camisa do Vasco, em repetidas vindas do clube da Cruz de Malta ao Recife nos derradeiros anos 40, início dos 50. Ao lado de Ademir, de Heleno de Freitas, de Ipojucan e de Danilo. Depois, Maneca já no fim da carreira, em 1956, numa tarde de domingo do mês de setembro na minha primeira ida ao Maracanã. Jogavam Fluminense x Bangu. Torcedor ardoroso do Fluminense no tempo de menino, já não morria de amores pelo clube das Laranjeiras. A paixão tinha ficado para trás na saudade dos tempos de Pedro Amorim, Ademir, Orlando e Rodrigues. Agora o que queria mesmo era ver Zizinho, o Pelé daqueles tempos, jogar no Maracanã. Mas terminei castigado na minha infidelidade: Fluminense 5x1! Ganhou o Fluminense, fazendo renascer a paixão adormecida. O Fluminense também de uma geração vitoriosa, o Flu de Castilho, Pinheiro, do artilheiro Valdo e Escurinho. No Bangu, ao lado de Zizinho, como acontecera na Copa de 50 com a camisa da Seleção, nas vitórias do Brasil contra a Iugoslávia (2-0) e Suécia (7-1), o elegante Maneca. Ficou somente daquele domingo a lembrança de mais um encontro com os deuses do futebol.


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