25 de jul. de 2008





Por ROBERTO VIEIRA

O Cinema do Parque anunciava Sangue e Areia com Rodolfo Valentino.

Nada mais apropriado, diria o futuro.

Era o dia 26 de julho de 1930. O Brasil ainda vivia no passado.

Recife iria testemunhar o evento que anunciou o século XX por terras de Pindorama:

O assassinato de João Pessoa.

O outubro de 1930.

Quatro balas que, para os jornais locais, foram fruto do ódio oriundo de Washington Luís.

Ou quatro balas que tiveram origem na política e no amor de João Dantas?

João Pessoa. Único governador nordestino a se insurgir contra o Poder Central no primeiro de março que elegeu Julio Prestes.

O dia do NEGO da bandeira paraibana.

17:30h. Confeitaria Vitória na Rua Nova.

Sentam-se João Pessoa, Agamenom Magalhães, ex-deputado federal e professor do Ginásio Pernambucano, Caio de Lima Cavalcanti do Diário da Manhã e o comerciante Alfredo Dias.

Chá com torradas.

Pela porta da Rua Santo Amaro entra um homem. E dispara à queima-roupa contra o Presidente da Parahyba, enquanto fala:

"Sou João Dantas!"

Agamenom agarra o braço de Dantas, mas não consegue impedir os outros três tiros.

Dantas é alvejado por uma bala pelo Sr. Antônio Fontes. Cai.

João Pessoa é levado para a Drogaria Brasil onde lhe são aplicadas injeções de adrenalina pelos médicos Caldas Bivar e Bruno Maia.

Inutilmente.

Nos dias que se seguem, João Pessoa torna-se símbolo e mártir. Nome de cidade.

João Dantas é assassinado na Casa de Detenção. Lesão artesanal.

O episódio muda o Brasil. Brasil já abalado pelo Crack da Bolsa de Nova York.

Muda também a vida de um menino de três anos que perde seu pai nas brumas da revolução.

E é levado pela mãe para se refugiar em Taperoá.

Um menino chamado Ariano Vilar Suassuna.



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