Por NEWTON MORAES
Daniel Hazin, com sua habilidade de bom advogado, tenta defender o
indefensável. Também se utiliza da velha técnica do “morde e sopra”, mas seus
argumentos são frágeis e, muitas vezes, contraditórios.
Inicialmente, devo dizer que rigorosamente tudo o que escrevi foi
endossado pelo próprio Ivan Brondi e pelos demais colaboradores da Base
(Aluísio Xavier e Manoel Durão).
As despesas com a mudança para o Centro de Treinamento foram todas
custeadas pela Diretoria de Base (limpeza da estrutura do alojamento,
contratação de dois caminhões, manutenção elétrica e hidráulica), tendo o apoio
financeiro do grande Salomão, companheiro de Ivan durante vários anos no lendário
time do Hexa, mas, sem dúvida, a transferência dos atletas da Base para o CT foi
um grande avanço e esse mérito deve ser creditado à atual gestão.
As condições do alojamento no Centro de Treinamento
são infinitamente melhores do que as que existiam nos Aflitos – que era um
verdadeiro chiqueiro -, mas estão muito longe de ser a maravilha alardeada por
Daniel Hazin. Basta dizer que a Vigilância Sanitária, ao vistoriar as
instalações, fez uma série de ressalvas e exigências, tais como:
a) Cozinha
(ausência de coifa e necessidade da instalação do gás em cilindros);
b) Dispensa
(colocação de estrados para acondicionamento de alimentos que estavam
armazenados no chão);
c) Cozinheiras
e auxiliares de serviços gerais sem uso de fardamento adequado, luvas e botas;
d) Instalação
de lixeiras domésticas e coletores de resíduos sólidos;
e) Correção
de vazamento nos mictórios e ralos entupidos, provocando extravasamento de água
pelo banheiro e até nos quartos, além da urina que vazava nos mictórios;
f) Construção
de área de serviço independente (hoje funciona no quarto de repouso das
cozinheiras/auxiliares de serviços gerais) com instalação de varais para
pendurar as roupas dos atletas (hoje ainda utilizamos cordas nos dormitórios,
causando fedentina).
Não contando com o apoio da Direção do Clube nem do CT, Ivan acionou um
engenheiro e uma arquiteta, amigos seus, que se colocaram à disposição para
ajudá-lo. Eles visitaram as instalações e elencaram as necessidades. Dentro das
limitações da Diretoria de Base, algumas melhorias começaram a ser feitas, tais
como a instalação de tomadas nos dormitórios, aquisição e instalação de
prateleiras na dispensa para acondicionar os mantimentos, aquisição de
fardamentos para as cozinheiras e o responsável pela cozinha. Tudo às expensas
da Diretoria de Base, quando algumas delas deveriam ser do CT.
A verdade é que a Diretoria de Futebol de Base não recebeu os
alojamentos nas condições adequadas para uso, existindo problemas até mesmo com
torneiras e chuveiros. A única TV existente foi adquirida por nós.
Temos algumas outras dificuldades, como por exemplo, a contratação de
pessoas para disciplinar e monitorar os atletas, durante todo o dia. Como não
temos recursos suficientes para tal, solicitamos à Direção do CT que arcasse
com esses custos, mas não obtivemos sucesso. Também há restrições na utilização
dos campos, pois as escolinhas - atividade recreativa - têm prioridade e a
liberação só ocorre após as 15h30.
Fiz essas observações em relação ao nosso CT por ter sido mencionado por
Daniel e poderia continuar com uma lista enorme de outros problemas, mas
prefiro não fazê-lo para não expor ainda mais as fragilidades de nosso Clube e
não me estender sobre um tema que não foi objeto de nosso texto original.
Mas, se alguém ainda tem dúvida, sugiro que faça uma visita aos
alojamentos do CT.
Estranhei Daniel Hazin dizer que condicionou aceitar o cargo de
Superintendente do Centro de Treinamento à implementação de uma Divisão de Base
forte e com nova filosofia. Ora, como podia fazer tal exigência, se o CT e a
Base são diretorias distintas, ou seja, geridas por pessoas diferentes.
Ivan tentou estreitar as relações entre o Futebol Profissional, a
Diretoria de Base e o Centro de Treinamento, sugerindo a realização de pelo
menos uma reunião quinzenal entre os membros dessas Diretorias, mas não foi
atendido.
Na sequência, vamos nos ater aos pontos contestados por Daniel:
1-
Atletas
do Basquete
Daniel
diz que eu estava querendo que fosse dado tratamento diferente aos segmentos do
Clube e que chegava a ser risível a minha colocação. Ocorre que destaquei
apenas que não houve sua anuência nem uma compensação financeira – que foi
prometida. Será que isso não é desrespeito?
Todos
sabem que quando o Futebol Profissional passa por graves dificuldades
financeiras, para a Base não chegam sequer as migalhas. Vivemos à míngua, à
custa de doações de colaboradores (com a saída de Ivan, devem ser reduzidas a
praticamente zero). Pelos argumentos de Daniel, os atletas do Basquete também teriam
direito a ocupar os alojamentos da Base, sem necessidade de autorização para
tal. Da mesma forma, os da Base poderiam passar a fazer refeição e alojar-se no
hotel existente no CT para o Futebol Profissional. Se o Clube é um só e todos têm
que ser tratados da mesma forma, por que os funcionários do Centro de
Treinamento recebem seus salários rigorosamente em dia, enquanto os demais
sofrem atrasos de 3 ou mais meses. O coordenador técnico da Base, Didi Duarte, ainda
não recebeu seu salário de agosto e nós (Diretoria de Base) tivemos que pagar
os de setembro de Moura (treinador do Sub20) e Felipe (treinador do Sub17),
além dos de Pablo e Bruno (supervisores) e Ceará (treinador de goleiros). Que
tratamento igualitário é esse?
2-
Auditoria
na Base
Devo dizer que, em nenhum momento, mencionei ser contra auditoria. Ao
contrário, todos sabem que sou inteiramente a favor, dentro dos objetivos
citados por Daniel, quais sejam: “o exame cuidadoso e sistemático das
atividades desenvolvidas dentro do Clube, com o objetivo de averiguar se elas
estão de acordo com as disposições planejadas e estabelecidas previamente, além
de ter a ciência se foram implementadas com eficácia e adequação à consecução
dos objetivos”.
O que foi questionado por mim, foi a condução do processo, feito sem o
conhecimento de Ivan e, coincidentemente, tendo início logo após a sua viagem
para os Estados Unidos, além do gravíssimo fato de ter sido realizada por um
empresário de atletas, alguns deles pertencentes ao plantel da Base do Náutico,
ou seja, com um claro conflito de interesses. Só para exemplificar, esse
empresário, no início da gestão de Glauber, levou um desses atletas para o
Sport, o qual só retornou porque existe um acordo de ética entre os clubes que não
permite esse tipo de transação.
Na verdade, como eu frisei, não foi uma auditoria propriamente dita. Pelo
pouco tempo, de trabalho, via-se claramente a intenção premeditada de denegrir
a imagem dos membros da Comissão Técnica da Base havendo, inclusive, insinuação
de desvios de jogadores para outros clubes. Ao tomar conhecimento de seu teor, todos
ficaram indignados e exigiram que se fizesse uma acareação entre eles e o autor
do relatório. Foi marcada essa reunião, mas, de última hora, a Direção
Executiva achou mais prudente não ter a presença do “auditor”. Foram rebatidos
todos os pontos do relatório, especialmente as supostas irregularidades. A
Direção demonstrou ter ficado satisfeita com os esclarecimentos dados.
Alguém de bom senso acredita que, se fossem verdadeiras as supostas
irregularidades, teríamos 19 jogadores no plantel profissional que são oriundos
da Base, principalmente considerando as enormes dificuldades financeiras que ela
sofre?
Os atletas que não têm remuneração deveriam receber uma pequena ajuda de
custo. Passamos um ano sem poder pagá-las, tendo voltado a fazê-lo apenas a
partir do mês de dezembro.
3-
Premiação
e Acolhimento do Preparador de Goleiros
Quando mencionei demitido pela Diretoria de Base é evidente que o
sentido foi o de que ele foi afastado da Base, pois é claro que demissão é
prerrogativa do Presidente.
Talvez Daniel não considere falta grave a briga que houve entre o
Preparador de Goleiros (Samuel) e um estagiário (Rafael), na sala das comissões
técnicas, inclusive com arremesso de cadeira e de garrafa térmica, tudo feito na
presença de vários atletas. Detalhe: os dois envolvidos admitiram o fato.
Risível é Daniel atribuir a Samuel a boa forma de Júlio César, como se
ele só tivesse passado a ser um grande goleiro após passar a ser treinado por ele.
4-
Demissão
de Todos os Membros da Comissão Técnica da Base
Essa não
tem advogado que consiga defender, pelas seguintes razões:
a) Eu já
sabia do fato muito antes de Ivan viajar, por meio de várias pessoas, mas considerei
tão fora de propósito que não quis acreditar, embora, para alguns amigos, chegasse
a confidenciar: “não acredito nisso, mas, se for a intenção deles, vão aguardar Ivan
viajar” (baseei-me no que ocorreu na viagem anterior);
b)
Ivan me assegurou que, na reunião que teve com
Daniel Hazin e Sílvio Bourbon, foi levantada a necessidade de redução de custos
da Base - em face das dificuldades financeiras que o Clube atravessa - e que
ele concordou. É evidente que isso poderia resultar em demissões, mas nada foi
discutido em termos de nomes. Ora, ninguém que não fosse ele teria a
prerrogativa de tomar essa iniciativa, muito menos Sílvio Bourbon, Paulo
Henrique Guerra e o próprio Daniel, que sequer fazem parte do quadro de
colaboradores da Diretoria de Base. Assim, não há como justificar o fato.
Amigo Daniel, sei que você tem muitos serviços prestados ao Náutico e é
um excelente advogado, mas está defendendo uma causa perdida, porque eu, apesar
de não ser do ramo, tenho um direito muito bom, como se diz na advocacia. É um
cidadão do quilate de Ivan Brondi de Carvalho. E o fato dele estar sem dormir
direito e a frase que me disse após o contato com Paulo Henrique Guerra, mata
qualquer argumento seu: “Newton, eu não
quero mais saber do Náutico”. Será que você acredita que ele não se
considerou desrespeitado pela atual Direção do Náutico e que vai continuar
colaborando com essa gestão?
Você informa que a folha do administrativo representa, para os cofres do
Clube, uma despesa mensal da ordem de 550 mil reais. Então, não é verdade que a
Base seja responsável por boa parte desse quantitativo, pois a soma de todas as
despesas mensais dela (não apenas com pessoal) representa aproximadamente
R$160.000,00. E considero
contraditório manter um discurso de valorização da Base e reduzir drasticamente
os investimentos na formação dos atletas. É um pensamento pequeno.
Caro Daniel, eu só continuava colaborando com a Base em respeito a Ivan
Brondi. Em função desse último episódio, eu sairia de qualquer forma,
independentemente da posição que ele tomasse. Assim, não há a menor
possibilidade de eu continuar contribuindo com algum segmento do Clube nesta
gestão, pois não tenho a menor confiança nas pessoas que o dirigem. Passo a
ser, exclusivamente, sócio e conselheiro.
Por sugestão do amigo Francisco Dacal, irei organizar uma moção de
desagravo a Ivan. O melhor que você e todo o quadro diretivo do Náutico fariam,
seria comparecer ao evento e pedir perdão a ele.
Deus salve a Base do Náutico!
Newton
Morais e Silva
A mágoa de Ivan é uma verdade cruel...
ResponderExcluirMarcelo Lins diz:
ResponderExcluirTexto perfeito Newton, quanto mais se destrincha os detalhes, difícil fica explicar as atitudes da atual diretoria.
Como pode o responsável pela auditoria ser um empresário de atletas? Aonde fica a independência?
Como Edgar fala a mágoa de Ivan diz tudo, se sobrepõe a qualquer argumento por mais bem feito que seja.
Perder um colaborador sério, abnegado, e dedicado como Newton merece um prêmio de má gestão ou um exemplo de como não se conduzir as coisas a ser exemplificado nas salas de aulas de MBA do estado.
Já falei nesse espaço e volto a escrever isso:
O primeiro passo para alguém crescer é reconhecer os erros- afinal todos nós erramos- e daí traçar caminhos diferentes.
O problema da atual diretoria é reconhecer os erros. Será que erram mesmo?
Humildade não faz mal a ninguém. Podem aprender com Ivan.
Por que uma diretoria da base e uma diretoria do CT ? Que estrutura é essa ?
ResponderExcluirCom todo respeito o CT não precisa de Diretoria, mas sim de uma Supervisão ou Gerência. Para quê tantos cargos bonitos? Diretoria de CT? Faz-me rir.
ResponderExcluirGilvannewton,
ResponderExcluirA função da Diretoria do CT é cuidar da estrutura física, o que é diferente das atividades da Diretoria de Base,
As escolinhas são administradas pelo CT, o que considero um erro, pois deveriam ser de responsabilidade da Base.
No novo estatuto estamos sugerindo que seja criada uma Vice-presidência que englobe as 2 Diretorias já que é muito importante que haja a integração CT/Base.
Entendo bastante a declaração de Ivan Brondi,mas ouso discordar dele.A frase correta seria: "Eu não quero mais saber dos dirigentes e cardeais do Náutico!".
ResponderExcluirA Instituição Futebolística Clube Náutico Capibaribe não pode perder um torcedor/ídolo da grandeza do capitão da maior e melhor equipe de futebol já existente no nordeste do Brasil.