31 de jan. de 2015




Por NEWTON MORAES
Daniel Hazin, com sua habilidade de bom advogado, tenta defender o indefensável. Também se utiliza da velha técnica do “morde e sopra”, mas seus argumentos são frágeis e, muitas vezes, contraditórios.
Inicialmente, devo dizer que rigorosamente tudo o que escrevi foi endossado pelo próprio Ivan Brondi e pelos demais colaboradores da Base (Aluísio Xavier e Manoel Durão).
As despesas com a mudança para o Centro de Treinamento foram todas custeadas pela Diretoria de Base (limpeza da estrutura do alojamento, contratação de dois caminhões, manutenção elétrica e hidráulica), tendo o apoio financeiro do grande Salomão, companheiro de Ivan durante vários anos no lendário time do Hexa, mas, sem dúvida, a transferência dos atletas da Base para o CT foi um grande avanço e esse mérito deve ser creditado à atual gestão.
As condições do alojamento no Centro de Treinamento são infinitamente melhores do que as que existiam nos Aflitos – que era um verdadeiro chiqueiro -, mas estão muito longe de ser a maravilha alardeada por Daniel Hazin. Basta dizer que a Vigilância Sanitária, ao vistoriar as instalações, fez uma série de ressalvas e exigências, tais como:
a)    Cozinha (ausência de coifa e necessidade da instalação do gás em cilindros);
b)    Dispensa (colocação de estrados para acondicionamento de alimentos que estavam armazenados no chão);
c)    Cozinheiras e auxiliares de serviços gerais sem uso de fardamento adequado, luvas e botas;
d)    Instalação de lixeiras domésticas e coletores de resíduos sólidos;
e)    Correção de vazamento nos mictórios e ralos entupidos, provocando extravasamento de água pelo banheiro e até nos quartos, além da urina que vazava nos mictórios;
f)     Construção de área de serviço independente (hoje funciona no quarto de repouso das cozinheiras/auxiliares de serviços gerais) com instalação de varais para pendurar as roupas dos atletas (hoje ainda utilizamos cordas nos dormitórios, causando fedentina).
Não contando com o apoio da Direção do Clube nem do CT, Ivan acionou um engenheiro e uma arquiteta, amigos seus, que se colocaram à disposição para ajudá-lo. Eles visitaram as instalações e elencaram as necessidades. Dentro das limitações da Diretoria de Base, algumas melhorias começaram a ser feitas, tais como a instalação de tomadas nos dormitórios, aquisição e instalação de prateleiras na dispensa para acondicionar os mantimentos, aquisição de fardamentos para as cozinheiras e o responsável pela cozinha. Tudo às expensas da Diretoria de Base, quando algumas delas deveriam ser do CT.
A verdade é que a Diretoria de Futebol de Base não recebeu os alojamentos nas condições adequadas para uso, existindo problemas até mesmo com torneiras e chuveiros. A única TV existente foi adquirida por nós.  
Temos algumas outras dificuldades, como por exemplo, a contratação de pessoas para disciplinar e monitorar os atletas, durante todo o dia. Como não temos recursos suficientes para tal, solicitamos à Direção do CT que arcasse com esses custos, mas não obtivemos sucesso. Também há restrições na utilização dos campos, pois as escolinhas - atividade recreativa - têm prioridade e a liberação só ocorre após as 15h30.
Fiz essas observações em relação ao nosso CT por ter sido mencionado por Daniel e poderia continuar com uma lista enorme de outros problemas, mas prefiro não fazê-lo para não expor ainda mais as fragilidades de nosso Clube e não me estender sobre um tema que não foi objeto de nosso texto original.
Mas, se alguém ainda tem dúvida, sugiro que faça uma visita aos alojamentos do CT.
Estranhei Daniel Hazin dizer que condicionou aceitar o cargo de Superintendente do Centro de Treinamento à implementação de uma Divisão de Base forte e com nova filosofia. Ora, como podia fazer tal exigência, se o CT e a Base são diretorias distintas, ou seja, geridas por pessoas diferentes.
Ivan tentou estreitar as relações entre o Futebol Profissional, a Diretoria de Base e o Centro de Treinamento, sugerindo a realização de pelo menos uma reunião quinzenal entre os membros dessas Diretorias, mas não foi atendido.
Na sequência, vamos nos ater aos pontos contestados por Daniel:
1-    Atletas do Basquete
Daniel diz que eu estava querendo que fosse dado tratamento diferente aos segmentos do Clube e que chegava a ser risível a minha colocação. Ocorre que destaquei apenas que não houve sua anuência nem uma compensação financeira – que foi prometida. Será que isso não é desrespeito?
Todos sabem que quando o Futebol Profissional passa por graves dificuldades financeiras, para a Base não chegam sequer as migalhas. Vivemos à míngua, à custa de doações de colaboradores (com a saída de Ivan, devem ser reduzidas a praticamente zero). Pelos argumentos de Daniel, os atletas do Basquete também teriam direito a ocupar os alojamentos da Base, sem necessidade de autorização para tal. Da mesma forma, os da Base poderiam passar a fazer refeição e alojar-se no hotel existente no CT para o Futebol Profissional. Se o Clube é um só e todos têm que ser tratados da mesma forma, por que os funcionários do Centro de Treinamento recebem seus salários rigorosamente em dia, enquanto os demais sofrem atrasos de 3 ou mais meses. O coordenador técnico da Base, Didi Duarte, ainda não recebeu seu salário de agosto e nós (Diretoria de Base) tivemos que pagar os de setembro de Moura (treinador do Sub20) e Felipe (treinador do Sub17), além dos de Pablo e Bruno (supervisores) e Ceará (treinador de goleiros). Que tratamento igualitário é esse?
2-    Auditoria na Base
Devo dizer que, em nenhum momento, mencionei ser contra auditoria. Ao contrário, todos sabem que sou inteiramente a favor, dentro dos objetivos citados por Daniel, quais sejam: “o exame cuidadoso e sistemático das atividades desenvolvidas dentro do Clube, com o objetivo de averiguar se elas estão de acordo com as disposições planejadas e estabelecidas previamente, além de ter a ciência se foram implementadas com eficácia e adequação à consecução dos objetivos”
O que foi questionado por mim, foi a condução do processo, feito sem o conhecimento de Ivan e, coincidentemente, tendo início logo após a sua viagem para os Estados Unidos, além do gravíssimo fato de ter sido realizada por um empresário de atletas, alguns deles pertencentes ao plantel da Base do Náutico, ou seja, com um claro conflito de interesses. Só para exemplificar, esse empresário, no início da gestão de Glauber, levou um desses atletas para o Sport, o qual só retornou porque existe um acordo de ética entre os clubes que não permite esse tipo de transação.
Na verdade, como eu frisei, não foi uma auditoria propriamente dita. Pelo pouco tempo, de trabalho, via-se claramente a intenção premeditada de denegrir a imagem dos membros da Comissão Técnica da Base havendo, inclusive, insinuação de desvios de jogadores para outros clubes. Ao tomar conhecimento de seu teor, todos ficaram indignados e exigiram que se fizesse uma acareação entre eles e o autor do relatório. Foi marcada essa reunião, mas, de última hora, a Direção Executiva achou mais prudente não ter a presença do “auditor”. Foram rebatidos todos os pontos do relatório, especialmente as supostas irregularidades. A Direção demonstrou ter ficado satisfeita com os esclarecimentos dados. 
Alguém de bom senso acredita que, se fossem verdadeiras as supostas irregularidades, teríamos 19 jogadores no plantel profissional que são oriundos da Base, principalmente considerando as enormes dificuldades financeiras que ela sofre?
Os atletas que não têm remuneração deveriam receber uma pequena ajuda de custo. Passamos um ano sem poder pagá-las, tendo voltado a fazê-lo apenas a partir do mês de dezembro.
3-    Premiação e Acolhimento do Preparador de Goleiros
Quando mencionei demitido pela Diretoria de Base é evidente que o sentido foi o de que ele foi afastado da Base, pois é claro que demissão é prerrogativa do Presidente.
Talvez Daniel não considere falta grave a briga que houve entre o Preparador de Goleiros (Samuel) e um estagiário (Rafael), na sala das comissões técnicas, inclusive com arremesso de cadeira e de garrafa térmica, tudo feito na presença de vários atletas. Detalhe: os dois envolvidos admitiram o fato.
Risível é Daniel atribuir a Samuel a boa forma de Júlio César, como se ele só tivesse passado a ser um grande goleiro após passar a ser treinado por ele.

4-    Demissão de Todos os Membros da Comissão Técnica da Base
Essa não tem advogado que consiga defender, pelas seguintes razões:
a)    Eu já sabia do fato muito antes de Ivan viajar, por meio de várias pessoas, mas considerei tão fora de propósito que não quis acreditar, embora, para alguns amigos, chegasse a confidenciar: “não acredito nisso, mas, se for a intenção deles, vão aguardar Ivan viajar” (baseei-me no que ocorreu na viagem anterior);
b)    Ivan me assegurou que, na reunião que teve com Daniel Hazin e Sílvio Bourbon, foi levantada a necessidade de redução de custos da Base - em face das dificuldades financeiras que o Clube atravessa - e que ele concordou. É evidente que isso poderia resultar em demissões, mas nada foi discutido em termos de nomes. Ora, ninguém que não fosse ele teria a prerrogativa de tomar essa iniciativa, muito menos Sílvio Bourbon, Paulo Henrique Guerra e o próprio Daniel, que sequer fazem parte do quadro de colaboradores da Diretoria de Base. Assim, não há como justificar o fato.
Amigo Daniel, sei que você tem muitos serviços prestados ao Náutico e é um excelente advogado, mas está defendendo uma causa perdida, porque eu, apesar de não ser do ramo, tenho um direito muito bom, como se diz na advocacia. É um cidadão do quilate de Ivan Brondi de Carvalho. E o fato dele estar sem dormir direito e a frase que me disse após o contato com Paulo Henrique Guerra, mata qualquer argumento seu: “Newton, eu não quero mais saber do Náutico”. Será que você acredita que ele não se considerou desrespeitado pela atual Direção do Náutico e que vai continuar colaborando com essa gestão?
Você informa que a folha do administrativo representa, para os cofres do Clube, uma despesa mensal da ordem de 550 mil reais. Então, não é verdade que a Base seja responsável por boa parte desse quantitativo, pois a soma de todas as despesas mensais dela (não apenas com pessoal) representa aproximadamente R$160.000,00. E considero contraditório manter um discurso de valorização da Base e reduzir drasticamente os investimentos na formação dos atletas. É um pensamento pequeno.
Caro Daniel, eu só continuava colaborando com a Base em respeito a Ivan Brondi. Em função desse último episódio, eu sairia de qualquer forma, independentemente da posição que ele tomasse. Assim, não há a menor possibilidade de eu continuar contribuindo com algum segmento do Clube nesta gestão, pois não tenho a menor confiança nas pessoas que o dirigem. Passo a ser, exclusivamente, sócio e conselheiro.
Por sugestão do amigo Francisco Dacal, irei organizar uma moção de desagravo a Ivan. O melhor que você e todo o quadro diretivo do Náutico fariam, seria comparecer ao evento e pedir perdão a ele.

Deus salve a Base do Náutico!

Newton Morais e Silva

Conselheiro do Clube Náutico Capibaribe


6 comentários:

  1. A mágoa de Ivan é uma verdade cruel...

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  2. Marcelo Lins diz:
    Texto perfeito Newton, quanto mais se destrincha os detalhes, difícil fica explicar as atitudes da atual diretoria.
    Como pode o responsável pela auditoria ser um empresário de atletas? Aonde fica a independência?
    Como Edgar fala a mágoa de Ivan diz tudo, se sobrepõe a qualquer argumento por mais bem feito que seja.
    Perder um colaborador sério, abnegado, e dedicado como Newton merece um prêmio de má gestão ou um exemplo de como não se conduzir as coisas a ser exemplificado nas salas de aulas de MBA do estado.
    Já falei nesse espaço e volto a escrever isso:
    O primeiro passo para alguém crescer é reconhecer os erros- afinal todos nós erramos- e daí traçar caminhos diferentes.
    O problema da atual diretoria é reconhecer os erros. Será que erram mesmo?
    Humildade não faz mal a ninguém. Podem aprender com Ivan.

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  3. Por que uma diretoria da base e uma diretoria do CT ? Que estrutura é essa ?

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  4. Com todo respeito o CT não precisa de Diretoria, mas sim de uma Supervisão ou Gerência. Para quê tantos cargos bonitos? Diretoria de CT? Faz-me rir.

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  5. Gilvannewton,

    A função da Diretoria do CT é cuidar da estrutura física, o que é diferente das atividades da Diretoria de Base,
    As escolinhas são administradas pelo CT, o que considero um erro, pois deveriam ser de responsabilidade da Base.
    No novo estatuto estamos sugerindo que seja criada uma Vice-presidência que englobe as 2 Diretorias já que é muito importante que haja a integração CT/Base.

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  6. Entendo bastante a declaração de Ivan Brondi,mas ouso discordar dele.A frase correta seria: "Eu não quero mais saber dos dirigentes e cardeais do Náutico!".
    A Instituição Futebolística Clube Náutico Capibaribe não pode perder um torcedor/ídolo da grandeza do capitão da maior e melhor equipe de futebol já existente no nordeste do Brasil.

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Comentários